Estamos em 2006. Se fosse há uns anos atrás diria que era um ano de esperança. Neste momento não posso dizer isso. A vida mudou, eu mudei, eu sei mais do que o que sabia, e já passei a barreira dos 20, o limite possível daquele período de crescimento, de esperança e fascínio pelo mundo e pelo Universo físico e social. Na verdade ainda tenho fascínio, mas por outras coisas, talvez possa dizer, mais sublimes. O Universo físico e social foi uma decepção para mim, vi que o mundo não era tão bonito como o querem pintar e socialmente falhei também. Tive que mudar a minha interpretação do mundo e os meus esquemas mentais, os alicerces segundo o qual foi feito o primeiro edifício foram deficientemente construídos. Estou construindo um segundo edifício neste momento. É claro que não pode ser de raiz, tenho que utilizar os alicerces físicos de origem, dar-lhe um pouco mais de resistência e continuar esta construção imparável. Quanto aos alicerces psicológicos, também tenho que utilizar muito do que foi construído, não posso negar o meu passado nem esquecê-lo simplesmente, tenho que deitar abaixo certas estruturas não vitais e seguir a construção. Tenho consciência de que este edifício já não vai ficar dos mais belos mas espero que fique pelo menos resistente para que não desmorone como o anterior. Ao fim e ao cabo o edifico é o mesmo mas com partes reconstruídas.
O movimento é constante, quer a nível da matéria e organismo, quer a nível das ondas e do pensamento. Não há nada parado no sentido literal do termo. Os científicos descobriram que o protão, o factor contrário ao electrão num átomo, é dividido ainda mais por dois outros factores, julgo que lhe chamaram ‘quarks’, quando se chegou a pensar que o protão seria indivisível. Isto para dizer que o pensamento e o organismo humano não param, são dinamicamente estáveis, estão em equilíbrio mas não parados. E com isto dizer também que é a resistência ou o reaccionar (responder) mal a determinado sistema que nos quer fazer ‘mover’, quer a nível do pensamento ou quer a nível do organismo ou de ambos, num determinado objectivo (modo) que nos provoca mal-estar. Assim, podemos pensar em exemplos, que podem ser explicados pelo que foi dito: o caso da ansiedade, porque ficamos ansiosos? Porque há um bloqueio de qualquer coisa, quer física (referente ao organismo) quer psicológica (a nível do pensamento ou da mente), ou seja, porque não há resposta, ou ainda porque há uma resposta inconsequente, não ‘desejada’ pelo sistema. Sejamos mais concretos com o que se passa com a ansiedade: segundo o que eu já senti, descobri conscientemente (o que pode não ser novidade para outros) que fisicamente o que se passa comigo quando fico ansioso é que há um suspender da respiração, além de conseguir antever outras modificações orgânicas que não consigo explicar inteiramente. E mesmo que eu dê conta que suspendi a respiração e a queira retomar conscientemente há algo que não se controla, uma ordem ‘superior’, vinda da mente, que faz com que a circulação do sangue diminua e mesmo forçando a respiração, essa ordem, talvez imposta na mente forçadamente ao longo do meu crescimento, é mais forte e não pode ser contrariada de um momento para o outro, ou seja, da mesma maneira que foi introduzida na mente (ao longo de bastante tempo) assim terá que se fazer para reverter o processo (com tempo e persistência, acredito), forçar a respiração e ‘reprogramar’ a mente para que deixe responder o organismo adequadamente. Por outras palavras, o sistema (organismo humano) necessita de oxigénio para as suas células sobreviverem, logo precisamos de respirar, e quando nós suspendemos essa resposta esperada pelo sistema estamos a criar a ansiedade. Mentalmente, o que se passa com o pensamento é que o pensamento consciente pára e dá lugar ao aumento de pensamentos inconscientes, eu perco mesmo o fio à meada da conversa que o outro está a dizer e perco partes dessa conversa a tentar controlar essa ansiedade. Assim passa comigo e acredito que assim se passa com muitas das pessoas que são fechadas e que não deixam fluir os seus sentimentos no momento (sistema) em que estão inseridas. Os bloqueios são do pior que pode haver, tentar travar um sistema pode ser muito perigoso, quando esse sistema é mais forte que o bloqueio, em lugar de se aniquilar e se destruir para dentro sem consequências exteriores ou com consequências exteriores mínimas, ele irá rebentar e irá provocar um conjunto de reacções em cadeia que irão alterar muito mais outros sistemas
Gostei do teu post. Consegue dizer muita coisa para quem o souber ler. Parece-me que és alguem um pouco fechado e que já passaste muita coisa ao longo da tua vida. Eu compreendo bem este teu texto. Tambem eu já assim fui. Mas será que aqueles que nunca o foram, conseguem perceber a mensagem ou será apenas um texto? A vida vai-nos ensinando muita coisa. Quando comessamos a ver o mundo pelos nossos próprios olhos, deparamos com um que tem haver com aquele sempre nos mostraram. A ansiedade começa quando queremos ver o mundo por nós mesmo e vai aumentando desde então. A partir daí temos que começar a controlar a nossa ansiedade, impulsos, medos e desejos. Mas não é fácil, nem de um dia para outro. E acredita numa coisa que te digo, ao tentar controlar tudo isso sosinhos demararemos demasiado tempo até o conseguir. Falo por mim que quando o tentei fazer sosinho, todo esse processo inverteu-se, e durante algum tempo alguem que outrora tinha sido fechado, solitário, tornou-se revoltado. Uma revolta que ia contra tudo e todos, e quanto mais alguem tentava acalmar a situação, mais aumentava esse revolta. Mas, quando temos a(s) pessoa(s) certas ao nosso lado, apesar da nossa revolta se manter mas começamos, tambem com a ajuda dessas pessoas, a conseguir controlar todo um sistema complexo de sentimentos e emoções e começamos a ver o mundo de uma outra maneira. Espero que, se aínda não tiver sido o caso, que encontres as pessoas que te irão ajudar e acompanhar ao longo desta caminhada que é a vida.
ResponderEliminarUm abraço.
Este teu blog despertaram-me a atenção. Tenho estado a ler vários textos que aqui tens. Como já disse o meu comentário anterior, tambem eu já fui e continuo a ser um pouco assim. É dificil arranjar amigos quando temos uma certa inibição social, é verdade. Não sabemos em quem confiar. Não sabemos quem nos pode ajudar, tambem porque, partindo de um ponto em que não confiamos em nós próprios. Eu vivi a minha infancia, adolescencia na solidão. Por vezes pensava ter alguem, mas era apenas uma iluzão pois quando eu precisava de um ombro amigo, alguem com quem desabafar e olhava em redor, não estava lá ninguem. Podes até não acreditar nestas minhas palavras, não me surpreende que isso aconteça, eu tambem não acreditava em ninguem. Eu sei o que passei, o que sofri, as vezes que me isolava longe de tudo e de todos consumindo-me. Por um lado sentia-me bem ao fazê-lo, mas por outro ganhava ódio, rancor e revoltava-me contra mim próprio. Uma das coisas que neste momento fazem com que eu tenha uma revolta interior, é ver alguem a passar por aquilo que eu passei e não poder ajudar. Gostava de falar contigo, quem sabe conhecer-te pessoalmente. Gostava de te poder ajudar. Eu sei. Não sabes quem eu sou, não sabes se hás-de confiar. Se fores ao meu blog, estão os meus endereços e contactos. Aguardo uma mensagem da tua parte.
ResponderEliminarFica bem. Um abraço.
olá quero-te dar os parabens pelo blog,esta muito bem conseguido...
ResponderEliminarse me é permito deixarei aqui os meus pra se quizeres dar a tua opinião...
www.osonhocomandaavida.blogs.sapo.pt
www.sonhadorcomandaavida.blogs.sapo.pt
www.sonhoportista.blogs.sapo.pt
www.videosclipssonho.blogs.sapo.pt
obrigado pela sua atenção..
abraço
Caro “colega”,
ResponderEliminarDesde já gostaria de referir que tens o dom de bem escrever. Através das palavras consegues expressar o teu estado de espírito e pensamentos de uma forma concisa e através de uma escrita rica em vocábulos.
Não obstante “estou aqui” para comentar uma área por ti abordada, a ANSIEDADE.
Pelo que descreveste encontras-te na casa dos vinte, eu estou no início dos 30 e gostaria de partilhar contigo o problema que tive com a ansiedade e, de alguma forma, te poder mostrar uma vivência dolorosa, no entanto ultrapassada.
À cerca de 2 anos atrás passei por uma situação traumatizante e tive o meu primeiro ataque de pânico, o que significa um grau de ansiedade extremo transformado-se esta em patológica. Fui para o Hospital pensando que estava a ter um ataque cardíaco e após vários exames foi-me diagnosticado “ataque de pânico”. Após este sucederam-se outros que muito interferiram na minha esfera profissional. Resolvi então ser acompanhada por um especialista nesta matéria e fui medicada com “Paroxetina”.
Até à presente data continua-me a ser prescrita esta “substância activa”, no entanto uma dose mínima que nada interfere em termos de efeitos secundários ou de, por exemplo, beber bebidas alcoólicas.
Aprendi a dominar os sintomas e não deixar que os mesmos se propagassem e dessem início a um novo ataque de pânico.
A vida é uma aprendizagem constante e construtiva, no entanto, às vezes, ingrata.
Desejo que a vida “sorria” sempre para ti!
Caro “colega”,
ResponderEliminarDesde já gostaria de referir que tens o dom de bem escrever. Através das palavras consegues expressar o teu estado de espírito e pensamentos de uma forma concisa e através de uma escrita rica em vocábulos.
Não obstante “estou aqui” para comentar uma área por ti abordada, a ANSIEDADE.
Pelo que descreveste encontras-te na casa dos vinte, eu estou no início dos 30 e gostaria de partilhar contigo o problema que tive com a ansiedade e, de alguma forma, te poder mostrar uma vivência dolorosa, no entanto ultrapassada.
À cerca de 2 anos atrás passei por uma situação traumatizante e tive o meu primeiro ataque de pânico, o que significa um grau de ansiedade extremo transformado-se esta em patológica. Fui para o Hospital pensando que estava a ter um ataque cardíaco e após vários exames foi-me diagnosticado “ataque de pânico”. Após este sucederam-se outros que muito interferiram na minha esfera profissional. Resolvi então ser acompanhada por um especialista nesta matéria e fui medicada com “Paroxetina”.
Até à presente data continua-me a ser prescrita esta “substância activa”, no entanto uma dose mínima que nada interfere em termos de efeitos secundários ou de, por exemplo, beber bebidas alcoólicas.
Aprendi a dominar os sintomas e não deixar que os mesmos se propagassem e dessem início a um novo ataque de pânico.
A vida é uma aprendizagem constante e construtiva, no entanto, às vezes, ingrata.
Desejo que a vida “sorria” sempre para ti!
Ola Perfume de mulher, obrigado pelo teu comentário. Que posso eu dizer: já tive ansiedades sem fim, talvez mesmo a minha vida seja uma ansiedade constante de modo que me é difícil fazer algo normalmente de modo social. Tenho um emprego que é fora do normal, para uma pessoa fora do normal como eu, só assim consigo fazer alguma coisa, ou seja não faço practicamente nada no trabalho pq o meu trabalho é mesmo asssim. O contacto com as pessoas é muito superficial, e estou psicologicamente cada vez mais isolado do contacto social, a tendência de me isolar é enorme. Houve alturas em que me deitava com uma esperança que tudo mudasse para melhor, mas cada vez que acordo, o pesadelo continua, esta enorme repressão que é a timidez elevada ao extremo tem-me dominado cada vez mais, mas ainda tenho réstias de esperança continuo a dizer.
ResponderEliminarBons dias para ti e que venham dias melhores para mim também.Até breve.
O meu problema é eu não confiar em ninguém, só tenho os meus pais ao meu lado, que foram quem me deu a vida e que me protegem, depois deles se assim continuam as coisas não vejo o futuro risonho, não tenho estofo para continuar sozinho, tenho medo de mim próprio e desta minha tendência de isolamento. Tenho irmãos, mas sinto-os como se fossem estranhos. Resumindo sinto-me só e tenho medo do meu futuro.
ResponderEliminarOla. Obrigado pelo comentário. Continuamos vivendo, tudo bem por ai? Tens blog privado... posso ser teu seguidor?
ResponderEliminarObrigado. Que é feito de ti guardião? Ja nao tens o blog ativo?
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