Vivo. Sensação de continuidade. Aí, vem a memória e a
humanidade transcende-se ao rever, até à exaustão, os momentos gravados nas
memórias externas, porque as nossas estavam limitadas. Sou bom a absorver o
mundo, seremos todos assim, possivelmente, mas péssimo a transformar todo esse manancial
de informação e conhecimento em algo que me faça ultrapassar o atrito, algo que
me leve a ser dos melhores, ou então suficientemente bom e satisfeito com a
vida, em última análise, estou não realizado. Tentando sempre dizer coisas,
fazer coisas, nem querendo pensar na nossa finitude, mas tudo se me dirige para
uma cacofonia, para uma entropia, porque as forças que movem este mundo são subjectivas,
e mais, dissimuladas, que se tornam incompreensíveis
quando tudo devia ser mais fácil, para mim. Há todo um poder que nos envolve, e
que nos deixa vislumbrar através dele obtendo explicações simples, de algo tão
maior que nós, mas, quando não somos escolhidos para desfrutar esse mundo em
conformidade com as regras da normalidade, isso torna-se uma oposição e um
grande peso que fica em nós, e ainda assim, o caminho é para a frente.
Confusões de ideias e palavras. Um mundo onde o móbil
da felicidade e do bem-estar, esse mundo em que o estamos a transformar melhor
(Ironia, acreditam mesmo nessa falácia? Falácia económica? Será uma vontade Superior
que quer que seja assim?), é apregoado nos quatro cantos do mundo. Confusões
também criadas por mim, mas não só, preocupações pelo estado do mundo que
observei com tanta intensidade, na minha simplicidade. Afinal, muito do que
sinto faz sentido, mas ainda não compreendo o porquê de estar aqui, e de
preocupar-me com tanta coisa que não o de, apenas, carácter pessoal, do tipo de
ganhar dinheiro e viver, mas, na verdade, o meu ser é frágil e sensível, por
isso, não está fácil. Têm sido décadas magníficas, no entanto um suspiro do
tempo pode levar tudo, mas, mesmo na pior das hipóteses, é muito provável que
haja uma grandiosidade que irá conduzir o tempo imparável desta terra. Eu,
simples, simplesmente vi a linha do tempo, tenho essa oportunidade, e ela ainda
corre na minha mente e quiçá por todo o meu ser. Eu testemunho, como tantos, os
dias que passam, mas a interpretação que eu faço do mundo estará em mais gente
também? E pergunto-me sempre pelo significado de eu entender as coisas de um
modo que acho que não é comum perceber. E pergunto-me, o porquê de eu ser quem
sou e o porquê da minha existência antes de o ser – novamente e sempre
perguntarei - (?). Questiono porque me questiono e policio tanto, não sendo
levado ao sabor dos momentos, ficando agarrado de mais ao passado, que nos desgasta
e nos torna mais do mesmo, sempre,
mesmo que queiramos fazer sempre algo diferente e marcante, pela positiva. A
mim sai-me o tiro pela culatra a maioria das vezes, no sentido de que ambiciono
e tenho a ilusão das coisas muitas vezes no sentido da positividade por
exemplo, mas tudo sai ao contrário. Pergunto-me porque tantas palavras que saem
dos meus pensamentos, têm tanto feedback indesejado na minha vida por meios que
eu não domino mas que sinto de algum modo, coisas que eu não consigo controlar
ou, com as quais, interagir correctamente. Queria agarrar o equilíbrio com
todas as minhas forças, queria toda a naturalidade que pudesse ter, e no
entanto vejo que a minha vida escapa ao meu controlo e ao meu modesto desejo de
viver simples e simplesmente agir sem remorso de me magoar a mim ou alguém
mesmo que seja sem querer porque sempre, ou quase sempre, assim o tem sido na
minha vida, e, além do mais, depois assumo culpas que se calhar nem me cabiam a
mim assumir, porque, na verdade, se calhar as coisas não são o que parecem ser,
o que me parecem ser. Tudo muda, mas eu não mudo assim tanto, fico parado,
atónito na minha psique, lembrando sentimentos passados, como que continuamente
em busca de uma Grande resposta, ou Grandes respostas, se houver mais do que
uma. Ainda tendo, sempre, a acreditar e a observar que em toda a realidade, na aparência
de um mundo estável e compreensível e de magnífica tecnologia humana, chamando
a isso desenvolvimento e evolução, parece-me que há um Universo que não pode
ser acedido ainda ou pelas formas que existem (inclusive ciência) e que
interagem no nosso mundo. E a ideia continua a ser a de que o nosso mundo, o
nosso planeta Terra é frágil, quando entendemos assuntos que pensávamos nunca
vir a entender, a humanidade é especial, contudo, a terra fala mais alto, numa língua
não perceptível por todos, porque, talvez, tenham que viver continuamente sem
ter tempo para se questionar sobre as coisas, deixando-se levar aos sabor dos
tempos, nos ideais feitos, ou ainda, talvez, com uma inteligência diferente e não
apurada para aceitar a fragilidade de muitas coisas, dos próprios e da terra.
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