Não sei quanto tempo me resta nesta vida. Talvez outro tanto ou talvez muito menos. Só sei que não ando bem, e já sei mais do que Sócrates (rir). Muita coisa foi perdida, muita coisa já não volta. Tenho medo do que se possa passar. E a tendência é para que se passe algo mais de mau do que de bom. Eu sei-o racionalmente, porque já compreendi muita coisa da minha vida e consigo prever o que se pode passar num futuro mais longínquo. Tenho medo da dor sobretudo, medo da loucura, essa dor descomunal de não estar em consonância com o mundo, de ser um mundo à parte e completamente esquecido, mais ainda do que da dor física. Tenho medo de ficar paralisado com uma consciência a infernizar o meu corpo, a minha infernal consciência, que é o que é a minha consciência. Como posso eu ser optimista se só vejo as coisas pela negativa? Não tenho capacidade para reagir ao stress e às coisas negativas. Como eu compreendo meu Deus, como eu compreendo o meu passado e o meu presente. Para quê a consciência das coisas, meu Deus? Para sofrer mais ainda.
O que interessa nesta vida é não sentirmos a solidão. O que interessa é estarmos ligados a outros, haver quem seja afim connosco e com quem possamos compartilhar os nossos sentimentos, alguém que entenda os nossos sentimentos. Mas porque será que eu não consigo essa ligação? Mas também é verdade que são os outros que nos podem infernizar a vida. A incompreensão dos outros pode fazer-nos muito mal. Muitas vezes até nos querem fazer bem, mas acabam por nos fazer mal, porque não compreendem.
Muitas vezes penso: é como se não tivesse passado. Lidei já com muitas pessoas e das pessoas com quem lidei, é como se não tivesse feito laços com ninguém. Muita da gente ficou esquecida, inclusive. Mas se do exterior não consigo lembrar muita coisa, já aquilo que senti permanece muito vivo dentro de mim, de maneira que aquilo que senti já faz muito tempo é como se tivesse sido há bocado. Talvez mesmo isso seja uma perspectiva dos meus problemas emocionais: não conseguir desfazer-me de sentimentos já muito antigos e que não deviam fazer sentido agora e dos quais já não me devia lembrar. Ultimamente tenho tido a visão de que aquilo que sou agora já foi construído desde muito lá atrás. Por vezes vejo tudo o que me trouxe até este momento num flash. Às vezes penso que os meus problemas passam por más gestões de emoções e sentimentos. Sou uma pessoa que absorvo muito o mundo (agora já nem tanto) e que exprimo pouco, mesmo muito pouco, daquilo que sinto. Sempre fui muito fechado. Esta grande acomodação sem o esvair de todo este manancial energético leva-me a um enorme desequilíbrio. Cresci muito sozinho, daí que me habituei à solidão e não a estar com as pessoas, como se fosse um bicho-do-mato. Se fosse noutros tempos em que não existia este mundo de comunicação eu seria uma pessoa mais feliz, porque estava bem enquadrado. Agora pede-se que as pessoas sejam extrovertidas e eu sou o oposto disso. Eu não consigo abrir o bico no meio das pessoas. Tenho uma enorme repressão que não me deixa sair desta concentração maluca. E acho muitas das vezes que não conseguirei sair dela. Só consigo cultivar os sentimentos interiores sem parar, este mecanismo de autodestruição tornou-se automático. Mas por vezes ainda acredito, se bem que cada vez menos.
Eu fugi às leis do mundo. Eu tenho medo de fazer o que quer que seja, tenho medo de ficar louco pelo que digo e tenho medo de ficar louco se não o disser. Eu não sou capaz de descontrair, como se fosse um fugitivo com medo de ser apanhado e de voltar para a prisão. Puseram-me de parte e eu reagi não aceitando as leis do mundo, ou melhor as leis do homem. Eu perdi a capacidade de sorrir. Até posso estar certo em relação às coisas que sinto e ao meu pessimismo e à minha interpretação do mundo, mas quem sou eu para contrariar aquilo que a maioria diz, sente e interpreta? Às vezes a única coisa que me satisfaz neste mundo é saber que tudo tem um fim, é saber que esta vida é passageira.
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ResponderEliminarPk Abril de 2005, o tema do Post? Foi escrito nessa data? Foi o início duma fase menos boa?
Se é, aposto k pelo menos algumas coisas boas se passaram até agora…
O comentário k faço é k às vezes a vida corre-nos menos bem principalmente kdo não encontramos a pessoa certa para estar ao nosso lado, akela k chamamos a nossa companheira…
Mas a vida tem de continuar… à amigos… se os procurarmos eles estão lá. E uma kestão de ir à procura deles, ir ter com eles… isolar-se é ficar parado no tempo…
Se precisar falar, pode falar, eu escuto… às vezes kdo não conhecemos as pessoas é mais fácil falar… por vezes a ajuda exterior de profissionais, psicólogos, ajuda imenso…
Abraço