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terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Mensagem de Natal

Abre  o teu coração Sonha... Deseja... Ama... Sorri... Sê feliz voltando a ser criança...Te desejo um Natal cheio de paz, amor e felicidade. E que tu realizes teus sonhos... Mas principalmente que continues a sonhar sempre !!! Feliz Natal!!!

sábado, 22 de dezembro de 2012

No encalço do EU

            Houve uma altura na minha vida, talvez há uns 12 anos, em que eu, simplesmente, não entendia o que se estava a passar nela: eu estava mal (para não dizer péssimo) e não compreendia o porquê – talvez porque eu não queria acreditar no que se passava, no que via, no que era a compreensão do porquê de eu estar assim, talvez porque tudo tem um tempo próprio para se compreender e superar se assim se puder entender. O tempo e o espaço muda, tenho presente esse aspecto desde sempre, no meu espirito. E, ainda hoje, provavelmente, eu não estarei bem, mas não estou certamente naquela situação de imponderabilidade e desespero em que estava nessa altura. No entanto receio o futuro a médio prazo, o que será de mim se eu não conseguir lutar para viver, ou pior ainda, para sobreviver. Naquela altura eu procurava ajuda de algum modo, como qualquer ser procura ajuda no outro, procurei na internet, tinha as minhas ilusões de que alguém seria forte o suficiente para me dar uma dica que fosse para sair da situação que desde muito novo eu senti que estava, aprisionado. Eu tinha as minhas fugas, eu saia até à noite para me soltar, eu procurava amigos dia e noite, eu procurava ser um ser humano normal. Mas na verdade algo mais profundo me atormentava desde sempre, hoje sei-o, e, estou no encalço da fonte do meu mal, sinto isso (espero ansiosamente isso), e tem sido uma luta interminável, uma luta de força interior e física, de inteligência, de esperteza; agora sou raposa que persegue raposa, melhor ainda, se ainda não o sou quero-o ser, não hei-de ser presa que seja agarrado por predador; mesmo que nunca venha a ser predador hei-de ser mais astuto do que aqueles predadores que me perseguem - que a vida me seja dada na plenitude com que a desejo, de acordo com o que eu sei que sou e sinto e que se faça justiça para toda a eternidade, que o meu grito mais profundo atinga o todo sempre. Um homem, tal como um animal (‘homem’ que também o é), tem que se defender dos seus predadores, aqueles que querem destruir a sua vida [subtilmente], é luta pela luta, é luta pela sobrevivência, seja feita de que maneira for, e não me venham dizer que um homem tal como um animal não se pode defender com os meios que têm ao seu alcance! ‘Quem não tem cão caça com gato’. Todo o ser tem direito a defender-se quando ameaçado, para mim tende a tornar-se claro isso. E não duvido que ‘O homem é lobo do homem’ ou então sou eu um ser humano que não devia ter existido se isso não for verdade, ou ainda sou eu então a fonte de todos os males da terra e tento ‘fazer ver’ que não o sou. E quando se é ameaçado, subtilmente, como o fazem os homens? Mas um homem tem que ter amor à vida, ou talvez por isso mesmo fica no seu espaço esperando que a ameaça passe. Muitas vezes é maltratado por um conjunto de indivíduos cobardes, mas na verdade assim é a natureza, o mundo animal, onde se unem seres para destruírem numa luta profundamente desigual um outro ser – um ser por vezes débil, por qualquer motivo [E isso, realmente não compreendo no meu espírito devido a ter-me sido implantado a existência de um Deus, que ainda por cima me disseram ser bom, e que bondade trás bondade – e sou surpreendido pelo paradoxo de que o ser bom também age e faz mal sem querer]. Mais ainda, o homem faz isso…, e eu não compreendo, e fico perplexo, boquiaberto, face àquilo que me foi entranhado, segundo os mandamentos de Deus, segundo os seus princípios. Eu desafiei a existência de Deus desde a minha infância, eu o questiono, assim, algo me é dado a conhecer, eu o respeito, mas para mim subsiste a injustiça que abarca a minha vida e isso não me pode deixar ter a calma necessária para poder estar na ‘onda’ do ‘Deus bom’. E a verdade é que estou cada vez mais envolvido nessa crença que questiono, e quanto mais a questiono, a maravilha do desconhecido acontece a cada momento na minha vida, coincidências atrás de coincidências, se assim fosse com a sorte ao jogo e me saísse o Euro milhões e pudesse viver a vida em paz e segurança… Hoje em dia os sentimentos que me dominam são de revolta - rancor e frustração são os ingredientes base com que cozinho o meu espírito (sem querer, mas porque tem que ser assim enquanto acontecimentos maiores não ocorrerem), para que me reforce para atingir a justiça na minha vida (espero que esse seja o fim do que eu passo). Decerto, as minhas forças físicas atingiram o seu máximo há pouco tempo atrás e agora tendem a diminuir, no entanto, sinto o meu espírito mais forte, no sentido de que me sinto mais sabedor e conhecedor do mundo que me envolve, mais conhecedor da psicologia e do psiquismo das pessoas, capaz de entrar na profundidade da vida humana, na cultura dos seres. Curiosamente é das pessoas que cultivam o mal, a superpotência, a falsidade (o ‘bem parecer’ que trás a oculta intenção de prejudicar) que eu topo mais facilmente, pessoas do tipo das que têm interesses ocultos, maléficos, e que têm objectivos condenáveis, injustos e realmente desequilibrantes do que deve ser a vida dos seres humanos de hoje em dia que devem ser assertivos, que buscam a paz, a inteligência, e procuram ser altruístas. Falo daqueles sugantes de vidas humildes, ingénuas ou simples e boas (de bom espirito, bom coração). Pois, cheguei à conclusão que há forças muito negativas que envolvem o meu mundo, forças que vêm a raiz da minha nascença. Talvez esteja a falar das raízes do mal que me envolvem e que têm origem numa raiz maléfica forte, que infelizmente não foi, pelo contrário, a raiz justa que devia alimentar-me com mais intensidade, e me devia dar o suco do bem.


            Tudo indica grandes mudanças a médio prazo, o mundo vai mudar decerto muito, e eu também não concebo o futuro de outra maneira, segundo o que me é dado a conhecer e a saber. Temo que essas mudanças sejam negativas e afectem a minha vida ainda mais. Ou então mais uma vez eu estou a complicar a vida, como tantos o fazem, e este sentimento seja o sentimento da perda gradual da própria vida, da inconformidade com um destino que é reservado aos fracos, que além disso, se revoltam por serem fracos, EU.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Acreditar

            Por algum motivo cresci acreditando que havia uma verdade. Quiçá já tenha nascido com esse sentimento, em busca de uma perfeição, de ser alguém especial e que teria a minha recompensa por seguir essa busca e esse caminho que me levaria lá, a esse sentimento de grandiosidade e bem-estar. Agora, as minhas forças estão no sentido de retroceder, tudo tende a fugir, o tempo já me vai vencendo (vencendo mesmo o meu suposto rápido pensamento que em alguma altura da minha vida parece ter ultrapassado esse obstáculo, esse ‘tempo’, afinal estava em franco desenvolvimento), a fé de ‘poder alcançar’ tende a desvanecer. Tenho vivido intensamente (à minha maneira que seja), a minha mente tem transcendido todos os limites do meu entendimento, sempre na busca de compreender quem eu sou e porque eu sou como sou e como isso condiciona tudo o que se passa à minha volta.    - Aposto que a percentagem de pessoas que se tentam compreender a si próprias a sua história de vida, quando em situações difíceis, é pequena, procurando somente ajuda nos outros quando em dificuldade não acreditando no potencial que existe nelas como coadjuvante maior para a solução das suas dificuldades -. Tenho tentado acreditar que tudo o que vivi fez sentido e que no final de tudo tenho tido sorte. ‘Acreditar’ é uma palavra que uso muito, porque ‘a <<esperança>> (outra palavra que uso muito ou que tenho tentado ter sempre em mente, fortemente)  deve ser a última a morrer’. Mas há algo de diferente em mim, algo imanentemente fantástico que eu sinto, que eu sou ( e devem-me todos os que me ‘lêem’ permitir exprimir esta admiração pelo que sinto sem por isso demonstrar narcisismo da minha parte, acho que qualquer pessoa deve gostar de si, seja como for a sua situação), e que ao contrário do que posso pensar na maioria das vezes, pode dificultar ou tem dificultado a minha vida e que é a falta de continuidade das acções na minha vida, a falta de uma coerência no sentido em que eu não faço como supostamente uma pessoa inteligente e comum faz: faz coisas em que umas coisas levam a outras, sentem-se motivados por elas ou por um objectivo e vão lutando por ele seguindo um caminho sem duvidar daquilo que estão a fazer, do caminho que estão a tomar e o sentem como o correto, não divergindo naquilo que fazem, convergindo e sentindo-se bem com o que se tornam - tudo muito naturalmente. Eu não sou assim, sou um ser divergente: divirjo no pensamento e nas acções, fujo do óbvio, não o compreendo frequentemente, e dou comigo a compreender coisas que supostamente eram para ser difíceis de entender, coisas como a ‘transcendência’, o ‘imanente’, a minha vida, a compreender as acções dos homens de um modo que ainda nunca me foi abordado da mesma maneira que eu sinto, tendo uma visão generalizada e globalizada do mundo e do Universo, coisas que seriam loucas se eu as dissesse para muitas pessoas, para a maioria talvez. E, na verdade, nunca encontrei uma ligação, uma pessoa ou grupo de pessoas com quem eu pudesse viver feliz, partilhando aquilo que sinto, a verdade que eu sinto e tenho sentido ao longo da minha vida, a imensidão daquilo que sou interiormente (porque exteriormente tendo para a nulidade) – tendo falhado a maioria dos passos que tentei trilhar firmemente (alguém jogou lodo no meu caminho, sinto isso)-. É óbvio que há pessoas virtualmente fantásticas neste mundo, há um conjunto de situações (também fantásticas - tendo a sentir tudo como fantástico, é certo) e mesmo pessoas que indirectamente e ‘ao vivo’ que vêm até mim e que me levam a tornar-me naquilo que sou. Tudo o que sou não dependeu inteiramente das minhas forças, com certeza, mas a maior parte também de forças, acontecimentos e coincidências externas a mim que culminaram em momentos marcantes positivamente e que serão compreendidos de alguma forma se tudo o que sinto vier a fazer um sentido real um dia, ou seja, em que a realidade  venha a falar por si e demonstre que aquilo que senti também é válido neste mundo, também é verdadeiro, e que sou no fundo um ser aceite, que à partida parece inútil e com um aparente mesmo destino de ‘outros idênticos’, e que na verdade superei tudo com uma inteligência muito própria. No fundo gostava, como qualquer pessoa, ser alguém reconhecido, respeitado e tolerado, acima de tudo, como eu faço com o mundo. Então, o mundo tem-se revelado para mim como ‘não-perfeito’, não digo ‘imperfeito’ porque isso seria mentira, este mundo é belo, há pessoas belas, o Universo é belo, tudo o que se descobre pelo conhecimento e sabedoria é fantástico, e constrói-se com isso um novo mundo fantástico (talvez não suportável a longo prazo, mas isso é outro assunto), este mundo é o único complexamente funcional, porquanto podemos saber neste momento, não havendo outro igual, é muito difícil haver outro igual, tornando-o único. Porque o mundo ‘fantástico’ não perdura e o que é negativo, o autocontrole, o atrito, etc. não me deixa ser coerente comigo mesmo? Deixo, assim, aqui, uma outra abordagem ao conceito ‘acreditar’, hoje como tema principal.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Estranho mundo

            Começo, como tantas vezes, olhando para esta folha branca e vazia (no word, rsrsrs), com uma ideia [que tantos supostamente partilham, pelo(s) mesmo(s) motivo(s), ou não, que eu], que perfaz o título deste post, que traduz uma união de ideias, sentimentos e pensamentos. Ela é particularmente baseada num sentimento que tive há minutos e que aglomera, repito, ideias que sinto (e se formaram na consolidação que se dá no meu ser ao longo do tempo] acerca de quem sou, do que me envolve e da minha relação com essa verdade/ilusão que é o que me envolve. Assim, aqui estou eu, um anónimo nas profundezas da humanidade, com uma nesga de tempo nas horas que avançam pela noite dentro, num monólogo, pensado e registado, de algum modo e de alguma maneira, na tentativa de me expressar e de tentar perceber quem sou, o que é o mundo que me envolve e a relação que existe entre mim e o Universo (o mundo em particular). Já abordei noutros posts e nos meus pensamentos a existência de paradoxos neste Universo que se manifestam no meu ser (e que me deixam confuso ou mesmo numa angústia existencial) e na escolha de caminhos que tenho que fazer forçosamente, contra a minha vontade (e na escolha de ideias que tenho que seguir inexoravelmente). Já abordei noutros posts que em mim há ideias megalómanas, como se eu tivesse um sentido superior (megalómanas no sentido de eu querer ter uma grandeza inigualável na compreensão deste Universo e de vir a ser portador de uma conduta de verdade Universal entranhada em mim sem por isso ser infeliz e passar mal neste mundo - assim o desejo, embora tal não seja propriamente o que se passa). Mas é precisamente esse sentido que me é paradoxal, porque não tenho maneira de provar que ele é verdadeiro, não consigo assumi-lo, assim, se bem que o persigo desde sempre, impelido por forças que tendo a descobrir, e que são, exactamente, paradoxais. Como posso seguir, sendo o que sou, nestas condições? Como posso mudar dadas as contingências da minha vida? Não preciso de o fazer, mas digo: - Juro que não compreendo como tudo foi despoletado em mim, não fui eu que escolhi o meu caminho, porque estou eu metido nele?! (mas antes neste que noutro pior, claro, já o disse mais vezes, qualquer um com bom senso dirá o mesmo) ; se eu escolhi ‘algo’ (se influenciei de algum modo a direcção do meu caminho), isso representa apenas uma pequeníssima percentagem que é a pequena capacidade que tenho para escolher da globalidade, do total em que sou impelido a escolher, a seguir, pelas tais forças que me ultrapassam, desde o ‘big bang’ do meu nascimento. Sei que não compreenderei na totalidade, nunca (parece-me que não, pelo menos por agora, mas manifesto ambição de compreender), se bem que já entendi, consegui perceber, visualmente na minha mente muito do que se passa comigo, o ser estranho que sou no mundo / o ser estranho que sou e me sinto em mim, talvez por não estar no tempo /e/ou/ momento certo. Pergunto-me, inconformadamente: - como posso ser tão inútil e mal sucedido no mundo exterior a mim, o dito ‘mundo real’, se em mim há algo de tão grandioso e perfeito (pelo menos tendendo a isso), um sentido de verdade, uma compreensão coerente de tudo (mas mesmo tudo quanto existe)?! Assim sou um ser, posso dizê-lo, marginalizado, com uma maneira de pensar muito própria, um ser único (repito-o sem fim), que devia ser respeitado e sobretudo aceite como sou, o que não acontece (e parece-me que já identifiquei o móbil e as circunstâncias que despoletaram essa não aceitação, pode ser que algum dia possa e consiga falar nisso). Apesar de eu não ser deficiente físico, não me aceitam pela maneira intelectual diferente que tenho, talvez mesmo pela maneira psíquica diferente que sou - recuso veementemente que me façam conotações negativas(!). Muito provavelmente sou um homem que não vive no seu tempo, ou estarei apenas no sítio errado, embora no tempo certo, mas de qualquer modo não sei onde será o meu sítio certo. Talvez esteja num limbo desde que nasci esperando ser libertado, algo que acontecerá ou não. Mas sei que estou aqui e agora, o mesmo não posso dizê-lo do dia depois de amanhã: - Estarei neste ‘Mundo estranho’ amanhã?

domingo, 4 de novembro de 2012

Pessoas virtuais Vs Reais [na minha vida]

            Sou como sou, serei parecido a alguém em muitos aspectos, mas no fundo, a essência que faz parte de mim e que faz ser quem eu sou é única; o que eu sou é uma combinação de factores que se juntaram de uma maneira que possivelmente não se repetirá de igual modo em nenhum outro momento da história da vida em toda a sua globalidade, quer temporal quer física, este meu sistema é único e com suas subtilezas próprias, mas temo que tudo isto que sou e vivo venha a ser em vão. Pergunto-me o sentido de todo este caminho percorrido (?), o que será de mim no fim de isto tudo ter passado (?), e o porquê de, para mim, ser tão importante a busca da existência de uma justiça, de uma liberdade (?), o porquê de haver a (minha) ânsia de um equilíbrio e do fim da própria ânsia, quando na verdade pareço estar mais longe daquilo que ambiciono atingir. No fim de tudo, custa-me que, um dia, não seja nada mais que nada, e nem quero acreditar que depois do ‘agora’ voltarei ao ‘antes’, do nada ao nada, do nirvana ao nirvana, e que tudo isto seja uma passagem cheia de emoções, de bons e maus momentos, e que na minha vida permaneçam os negativos, a insatisfação, a frustração, a raiva, a angústia, o ódio - tudo isso de um modo latente que me tende para a inércia. Custa-me pelo sentimento de injustiça, pelo sentimento de inverdade e incoerência com o que sinto, pela falta de amor que tive e pela dignidade emocional que me foi negada por alguém, quem eu ainda procuro descobrir. Procuro o porquê de toda esta insanidade que me faz perder meu tempo, aqui, perdendo horas na busca dos porquês e na busca da inspiração, na tentativa de ser artista sem ter a capacidade natural para tal, que desilusão (!) realmente, artista do infortúnio eu sou, perdido em monólogos sem fim. Porque não poderei eu subjugar o mundo que me envolve a meu bel-prazer no sentido de poder viver de acordo com os meus valores de tolerância e humanismo, num grau, o mais alto grau de humanidade (?); porquê procurando eu o equilíbrio e a perfeição me torno cada vez no mais imperfeito dos seres que tal tentam (?); porquê, fazendo eu pela sorte, o azar me vem bater à parte constantemente (?). Porque não consigo libertar-me e ser feliz? Mas eu sei porque tal acontece, o porquê de eu não atingir meus objectivos, e é porque quero mudar aquilo que não posso mudar, sei que deveria ser eu a mudar-me e não tentar mudar tudo, mas sinto que o mundo já não chega para mim, e nem sei se mesmo o Universo chegaria, não há lugar para me esconder, não há lugar onde o meu ser esteja seguro. Sei que deveria ser eu a mudar-me, mas não tendo onde me esconder não adianta fugir, não posso fugir derrotado, mas assim, fugindo, não estaria lutando, e quem sabe estaria dando o certo pelo incerto, deitando tudo a perder, quiçá. A minha raiva é profunda, mas, o que eu sinto é um misto de empatia humana virtual com profundo ódio real (quando na realidade, ‘face to face’, que sinto ao vivo na proximidade das pessoas com que falo que se cruzam comigo na vida e das quais sinto desprezo e intolerância) - quando vejo as pessoas do outro lado dum monitor, todas me parecem tão belas que tenho horror a quem lhes faz mal como quem mata de forma cruel como por exemplo Hitler, e não entendo como tal pode acontecer, mas, ao mesmo tempo, quando me transponho para a realidade junto às pessoas parecidas de certo modo em maior ou menor grau com essas que eu senti e vi no ecrã tudo é diferente, e então elas não são humildes, não são tolerantes, são ‘Burras’ para usar um termo de calão ou são ignorantes para ser mais soft, não fazem bom uso da faculdade humana, e querem-me fazer sentir que eu estou errado naquilo que digo e faço, e eu sinto uma vontade enorme que algo de mal lhes aconteça (a essas pessoas injustas); mas talvez na verdade eu esteja enganado em relação a isso tudo, no entanto o que eu sinto é real, muito real em mim, é a minha realidade num dado momento do tempo e do espaço, e não a posso negar (essa realidade), senão o que seria eu? Seria uma negação de mim mesmo (?) provavelmente. Quero justiça! Quero justiça na minha vida! E mostrem-me o contrário, ou calem-se acerca deste post e consintam que são as pessoas que eu digo. Isto pode ser um desafio…

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Bruce Springsteen - Streets of Philadelphia Letra Lyrics

















I was bruised and battered and I couldn't tell what I felt

I was unrecognizable to myself

I saw my reflection in a window

I didn't know my own face

Oh brother are you gonna leave me

Wastin' away

On the streets of Philadelphia



I walked the avenue till my legs felt like stone

I heard voices of friends vanished and gone

At night I could hear the blood in my veins

Just as black and whispering as the rain

On the streets of Philadelphia



Ain't no angel gonna greet me

It's just you and I my friend

And my clothes don't fit me no more

I walked a thousand miles

Just to slip this skin



The night has fallen, I'm lyin' awake

I can feel myself fading away

So receive me brother with your faithless kiss

Or will we leave each other alone like this

On the streets of Philadelphia









Eu estava ferido e surrado e eu não poderia dizer o que sentia

Eu estava irreconhecível para mim mesmo
Eu vi meu reflexo numa janela
Eu não reconheci meu próprio rosto

Irmão, vais deixar-me
devastado
Nas ruas de Filadélfia



Eu andei pela avenida até que minhas pernas pareciam pedras
Ouvi vozes de amigos desaparecidos
À noite eu podia ouvir o sangue em minhas veias
  tão preta e sussurrante como a chuva
Nas ruas de Filadélfia



Não é um anjo que me vai cumprimentar
É só tu e eu meu amigo
E as minhas roupas não me servem mais
Eu caminhei mil milhas
Só para salvar esta pele



A noite caiu, eu estou mentindo acordado
Eu posso-me sentir desaparecendo

Então me receba irmão, com seu beijo infiel
Ou iremos deixar-nos um ao outro sozinhos desta maneira
Nas ruas de Filadélfia















Lyrics extracted/ based on internet










domingo, 7 de outubro de 2012

Consciência global

  


            Tenho por quase totalmente certo que tenho uma ‘consciência global’ e penso que posso dizer que sempre tive um ‘sentir global’ (que me levou à tal consciência), e mais, parece-me que preencho cada vez mais essa globalidade com factos que chegam até mim de todos os quadrantes além do aumento de experiências pessoais que tenho vivenciado e de todas as inferições que faço com esses dados que obtenho de algum modo. Com isto tudo, todo o saber e conhecimento que tenho, estou seriamente tentado a seguir em busca de um ‘santo graal’ que me permita perceber a lei do espaço-tempo, em mim, das variações que se irão suceder no mundo, de que modo e em que comprimento de tempo se vão dar [sem saber se o irei conseguir alcançar e se ele existe, mas tenho fé]. Gostaria de utilizar esse saber, se o achar, em primeiro lugar para eu melhor poder vivenciar a minha vida, de seguida quereria dizer que o queria utilizar para o bem do mundo, mas, já há tanta gente a tentar ‘fazer um mundo melhor’, e, apesar de tudo, a visão global do mundo que tenho é que ele não está melhor; para mim é claro que o mundo social viveu na ilusão que estaria melhor, em anos passados, devido ao petróleo que era abundante e a bom preço. Tenho para mim neste momento que se todo o conhecimento produzido não for bem aproveitado pelas mentes futuras, se o Universo assim o quiser, para produzir revoluções tecnológicas para o bem-estar de todos os homens, se o ‘bem’ que é imenso não conseguir ofuscar o ‘mal’ que é muito inferior, então julgo que se entrará num período de enorme sofrimento, que, no fundo, sempre existiu de algum modo em algum lugar, mas em menor quantidade. Vejo que toda a gente ‘fala’, toda a gente dá ideias para melhorar, mas aquelas que vingam e que são as corretas são ínfimas; eu mesmo me vejo nessa situação, tenho consciência disso, tanto neste momento em que escrevo, em que analiso e proponho, como na minha vida no geral, em que consigo sentir os rumos do espaço e do tempo e nada me parece poder fazer para os levar a bom porto. Penso que não serei o único à procura desse santo graal e desse entendimento das variações que se irão dar no mundo e no Universo, pelo contrário, penso que muita gente anda à procura disso, grandes instituições que avançam com dados sobre situações que hão-de suceder, projecções, bruxaria, mentes particulares que perscrutam em privado e muito mais. Decerto, provavelmente serei dos últimos a ter sentido em mim esse passar do tempo segundo as variáveis que se sucedem, quando por vezes queria acreditar que fui o primeiro. Sinto que as minhas preocupações natas acerca deste mundo e do Universo [toda a destruição a que o mundo está a ser sujeito, muito resumidamente - quer fisicamente (o mundo físico) quer socialmente, ou seja, moralmente e mentalmente] foram largamente difundidas e amplamente projeccionadas. Foram receios que eu entre outros (talvez muitos) sentimos e que marcam uma geração (a minha geração), e que expandem um sentimento vivo, vindo, talvez, de uma alma remota e inidentificável, de angústia pela possível perda de algo profundamente belo e irrecuperável se tal suceder: a perda do equilíbrio natural do mundo, a poluição desenfreada assim como o uso dos recursos naturais sem medida; a destruição do conhecimento verdadeiro, o facto de não vencer a força da sabedoria em cada individuo, a queda da moral quando não assistida pelo verdadeiro sentido do mundo social quotidiano, ‘o conhecimento com sabedoria’ – O mundo social está a esquecer completamente a base em que ele está sustentado! Que é a terra, a ‘mãe terra’, para usar uma expressão totalmente enraizada e globalizada-.


            Pergunto-me o que me levou(a) a ter mais em consideração o estado global do mundo, uma maior preocupação pelo estado do mundo, em detrimento da minha própria condição humana (?), e o porquê de isso acontecer (?). Porque ponho (pus) eu à frente de tudo, como prioridade, o geral antes do particular, o bem-estar geral à frente do bem-estar particular (?). Mas olho para a minha vida e tudo o que consigo sentir nela e dela, e vejo que tudo me trouxe a este momento de grande extravasamento mental. Consigo entender coisas tão globais e aparentemente complicadas e não consigo entender o comum dos mortais, não consigo entender porque eles não entendem. No fim disto tudo, sou eu quem sai a perder e sem valor neste mundo de aparência. Gosto da tecnologia, gostava de viver altamente tecnológico se isso fosse sustentável, mas eu não serei feliz se viver de uma outra maneira? Porque eu, e muitos outros, não podem ser felizes?

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Johnybigodes, há 6 anos a blogar

      PARABENS!  De mim para mim, há seis anos, exactos, a blogar o sentimento de mim: este é o meu hino à introspecção, ao [meu] passado, à vida - a minha, que tem significado e sentido, mesmo que muitas vezes eu não o veja, mesmo que os outros não o vejam muitas vezes -, a um Universo que existe quer seja fora quer seja dentro de mim. Este pode ser um grito meu para o mundo, de entre gritos de silêncio (a maior parte do tempo), mas que creio que fazem mudar o Universo externo a mim, tudo o que me envolve, de uma maneira fantástica e eternamente misteriosa mas intriguista para quem é curioso – e eu sou -, encontrando algumas, por vezes bastantes, respostas, contudo. Aqui se manifesta um ‘eu’ oculto, talvez estranho e difícil de acessar por parte dos outros, ou também, talvez, desinteressante, ou ainda, não compreendido ou não descoberto, ou ainda ‘mais uma insignificância’ nesta infinidade de variáveis do mundo ou na incomensurabilidade do Universo. Mas eu tenho um propósito que não compreendo, mas que anseio compreender cada vez mais, e me foi ou é atribuído pelo Universo que me envolve. Aqui manifesto essa busca, pela compreensão de mim e desse Universo ou nesse Universo externo a mim. Aqui manifesto, nesta minha escrita, um pouco daquilo que eu gostava de ultrapassar e no qual acabo mais envolvido ainda sem compreender o porquê de isto acontecer, mas deitando-me a adivinhar esse porquê. Jamais conseguirei transmitir uma pequena fracção do que o meu espirito rebusca, vê e compreende, pois teria que ter uma energia muito grande para isso, e eu sou um ser muito passivo… acabando por lamentar mais do que activamente poderia executar se actividade e margem emocional e física tivesse para me manifestar. Que a vida seja generosa comigo, pois acredito que sigo convicções do que é a atitude suprema da vida, respeitando-a desde sempre, respeitando o desconhecido, errando também porque sou um ser errante nesta vida. Que encontre as pessoas certas na minha vida com quem conviver porque os seres são difíceis de compreender individualmente, e que as minhas emoções assentem e normalizem. Cumprimentos a todos os que vêm por bem.



sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Mais um injustiçado

            Mais um dia quase passado, que, se fosse noutra hora de um outro tempo atrás e de uma outra maneira, poderia dizer que ‘com a esperança renovada’. Assim, agora direi que simplesmente ‘se está a passar’ e o peso dos dias que passam tendem a sobrecarregar meu ser físico e psíquico. O meu intelecto tende regredir de capacidade, a minha mente anda confusa, o meu psíquico anda desnorteado, com uma fome de verdade e de justiça e por não conseguir mudar o mundo, ao menos o meu mundo… mas nem isso. Não me sinto livre e algo (que poderia chamar Deus com convicção, se fosse noutra altura mais antiga) brinca com o meu ser a seu bel-prazer; a minha dignidade de homem está severamente manchada porque, precisamente, me magoaram indelevelmente, não sou um homem livre, não sou um homem mentalmente capaz de ter um bem- estar intelectual, porque meu espirito foi perturbado desde que me formei enquanto humano, muito possivelmente, além de onde a minha memória não pode chegar; à medida que o tempo passa, descubro o porquê de a minha vida ser perturbada, e desde precocemente isso acontece. A minha tristeza é enorme, e não deve ter fim, porque eu procuro o fim dela há já tanto tempo e não o encontro. Sinto uma revolta enorme com os meus progenitores, sinto uma revolta enorme por algo que eu não consigo identificar precisamente e poder lutar contra essas coisas que me perturbaram e perturbam, não sendo capaz de ultrapassar as dificuldades (porque não as consigo identificar claramente), um desejo que há tanto tempo cresce em mim (o de ultrapassar tudo isto); e à medida que cresce mais esse desejo mais me vejo incapaz de o realizar. Desejei a independência e a vingança – no sentido de fazer-se justiça na minha vida – daquilo, daquelas atitudes - que injustamente era alvo, pensei que cresceria e que depois então alguma luz se havia de fazer, me havia de livrar de tudo aquilo que acorrentava a minha humanidade, mas, não sabia eu, que, pelo contrário, o caminho que trilharia para essa independência era errado e que me levou a não ter saído deste mesmo sitio de sempre – falo precisamente de um momento da minha infância em que me apercebi que estava perante algo injusto, perante atitudes diárias de injustiça, pressão psicológica sobre uma inocente criança, assim como nesse dia em que me apercebi da injustiça de meu pai perante mim: sendo eu uma criança e ele tratar-me com tal dureza e crueldade, injusta, repito. Nunca me esqueci desse dia em que fugi à procura de um aconchego, em lágrimas de uma criança que tinha o mundo à sua frente, e o perdeu naquele momento, quiçá [oxalá esteja errado], para sempre, em que tudo passou a ser uma ilusão, porque só na ilusão eu poderia sobreviver com um mínimo de lucidez e normalidade aparente, tendo eu passado a fingir que vivia normalmente, quando eu entrei, na verdade, numa vida em que deixaria de ser eu, para entrar numa espécie de vida etérea, e não compreensível por ninguém que se tem cruzado pela minha vida, sem correspondência real com a vida normal dos outros, daquela no qual faz parte o senso-comum; foi nesse preciso momento que eu enxerguei pela primeira vez a injustiça e tive o sabor amargo da maldade psicológica pura e dura, de quem amava (ainda por cima, e que faz parte de muita gente por esse mundo afora) e que tive de perdoar durante toda a minha evolução para me tornar adulto, um adulto com handicaps aparentemente desvantajosos, para sobreviver, em última análise. Mas quem sou eu para estar acima de todas as outras criaturas que sofrem neste mundo? Sou só um e apenas um, mais um, do qual a injustiça e a inglória se querem apoderar. Por isso sou insignificante, por mais que isso me custe, e a minha vida depende do valor que eu lhe conseguir dar, por um lado, mas de enormes forças desconhecidas, por outro, (forças essas que partem de mim também e que se geram de uma forma muito estranha) além de que eu não consigo dar-lhe o valor mínimo necessário para que eu possa viver com clarividência mental e independência. A essência de quem eu sou foi como que sugada e açambarcada por algo que eu ainda tento desvendar, meu progenitor é um grande culpado disso, e eu não consigo lutar de modo a demarcar-me e ganhar o que ele me tirou, a forças de vida, a essência de quem eu sou. Mas este mundo é feito destas pessoas, más, não só ele mas como ele, com a força que a vida lhes imprimiu e que podem fazer tudo e andar por cima dos outros sem que venha o ‘Deus’ a safar quem é pisado, e a derrubar a maldade que se impõe injustamente.

domingo, 2 de setembro de 2012

A instabilidade das incertezas

            No momento em que escrevo não me sinto bem, nem sei que hei-de dizer ao certo. Na verdade, sinto que algo quer que eu me cale para sempre [ou que, simplesmente, não diga e viva silenciado], algo como seja uma multiplicidade de variáveis, coisas que eu não consigo definir ou talvez não deva definir. O meu ser orgânico não está em paz, minhas hormonas não devem andar bem, minha mente está perturbada. A minha expressão não é manifestada como deve de ser, minha interacção com o mundo social tende a ser incoerente, talvez mesmo entrópica, sinto-me a decair sem a satisfação normal de ter vivido. Acho que compreendo as coisas, mas talvez seja só compreensão à minha maneira, sem conseguir explicar o que sinto, vejo e como compreendo. Sei que a minha consciência está num grau incomum, em que consigo sentir de uma maneira diferente da ‘normalidade’ dos outros, talvez. Tudo à minha volta tende a querer encaminhar-me por um caminho que eu tento evitar em que eu não consigo perceber o porquê disso. No fundo continuo fechado em mim próprio, com uma consciência da vida muito particular, muito própria, a não conseguir interagir com o mundo que me envolve de uma maneira normal, e o pior é que me sinto mal; sei que deve ser por esse ‘algo’ que não me sinto bem, essa causa que eu não consigo combater, esse aprisionamento do qual eu não consigo sair. Gostava que o mundo fosse à minha maneira, como uma criança que se acha a coisa mais importante e que o mundo todo gira à sua volta. Feliz ou infelizmente não passo, como talvez ninguém e cada um de nós passa, de uma pequena parte de um todo muito complexo e infindável, e, sendo assim, é tão bom quando encaixamos bem nesse todo, quando tudo corre de vento em popa, e é tão difícil quando estamos desajustados com esse sincronismo, quando o atrito é imenso e, aparentemente pelo menos, é incontornável ou não evitável. A minha mente tem-se expandido com a experiência, meu conhecimento tem aumentado enormemente, mas meu ser não consegue lidar com tamanha informação que provem de todos os lados, entra em desequilíbrio, facilmente. Não consigo entender porque as coisas são como são e se dão como se dão. Vejo o que me é mostrado sobre a guerra mundial, a 1ª ou a 2ª, e não entendo de onde vem a raiz do mal, mas também, mesmo, não consigo entender de onde vem a raiz do bem, em verdade não consigo entender porque tem de existir o paradoxo do bem e do mal em simultâneo. Tanto ser vivo, tanto ser humano morto em guerras sem uma causa que se perceba, e no entanto sentimos que temos que viver e morrer; Nós, homens, somos predadores e presas ao mesmo tempo. Porque tem de tudo ser assim? Parece que tudo se dá ao acaso, e isso não está de acordo com o que aprendi, de que havia um Deus, uma justiça, que dirigia o futuro deste mundo e do Universo, e não consigo livrar-me e aceitar que tudo é uma acaso, que o Universo joga-nos a seu bel-prazer, com uma insignificância atroz, e sem justiça, no sentido de que muitos de nós que agimos na tentativa de ser correctos e equilibrados neste mundo somos os que mais sofremos por causas que nos ultrapassam e que parece impossível de, algum dia, entender. Quero justiça na minha vida, peço-a ao desconhecido, a ‘algo’ que não percebo, ainda... Eu sinto que compreendo, mas este paradoxo de que ao mesmo tempo não compreendo, acompanha-me. Eu vivo, mas esta incerteza de vida, esta vida de sociedade em que o mal brota de onde menos se espera e que quer trazer a morte até nós, que nos quer ter cativos dele [do Mal], deita-nos abaixo até pensarmos que seremos injustiçados neste mundo e tudo foi em vão, alem de que põe em causa tudo o que existe e que faz parte do meu conhecimento, sendo que Deus nunca deveria ter sido um dado adquirido, mas um dado a tentar descobrir. A verdade é que tenho medo, a minha vida é cheia de medos e incertezas. 

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Proposta para uma humanidade ambiciosa

     Hoje venho fazer uma simples proposta para todo o ser que é ambicioso neste mundo, uma proposta para se trilharem os verdadeiros caminhos da humanidade rumo ao Universo e a Deus, rumo ao conhecimento e à sabedoria, em que todos, e cada um de nós,  se devem conjugar e orientar, de modo a alcançar um estado de paz e liberdade, que para mim se tornou realidade, talvez como para outros, mas que para muitos ainda é utopia ou desconhecido. Então, seres humanos do mundo, proponho, de hoje em diante, a aceitação de uma cisão que não é nem pode ser dissociação, mas antes uma complementaridade: ciência para atingir o conhecimento; fé e Deus para atingir a sabedoria. E que a sabedoria guie o conhecimento, é o que eu peço para o futuro.

Proposal to an humanity ambitious

     Today I make a simple proposal to all beings that are ambitious in the world, a proposal to tread the true path of humanity towards God and the Universe, toward knowledge and wisdom, in which all, and each of us, should combine and guide, to achieve a state of peace and freedom, which to me has come true, perhaps as for others, but for many it is still utopia or unknown. So, human beings in the world, I propose, from now on, the acceptance of a split that is not and cannot be dissociation, but rather a complementarity:  science to attain knowledge; faith and God to achieve wisdom. And that the wisdom guide knowledge is what I pray for the future.

terça-feira, 10 de julho de 2012

Ritmos

       O ritmo do Universo, esse ritmo superior incomensurável com uma potência inimaginável que move tudo no seu seio, e que ao mesmo tempo é tão benévolo e sensível que permite a existência de seres delicados nesta terra, que permitiu, antes de tudo, a existência da própria terra como a conhecemos, tão perfeita e em harmonia, em equilíbrio, com tanta coisa que poderá não haver em mais nenhum lado do Universo, pelo menos naqueles sítios que estão ao nosso alcance visual e de entendimento; alcance visual que, afinal, deve ser tão curto, mas quanto ao entendimento, esse, tem sido crescente, além de que fazemos da tecnologia os nossos olhos, sendo a imaginação a ponte entre os olhos (o que conseguimos observar) e o entendimento (o conhecimento), e assim deduzimos o geral através das particularidades, mesmo as mais ínfimas existentes, e que a nossa mente colectiva humana se vai dando conta e, assim, se vai abrindo e evoluindo para compreender. Podem dizer que ando a ver muita BBC e National Geographic, é verdade; e digo mais, além de muita leitura, muita introspecção e reflexão entre muitas outras grandiosas coisas, assim como também há o meu gosto por viver e ter a forte ambição de que o verdadeiro saber venha ter comigo (e já agora que venha a riqueza do equilíbrio e eu possa lutar para satisfazer as minhas necessidades): tudo isso tem preenchido o meu interior. É fantástico o conhecimento, assim, com ele, conseguimos neste último século ultrapassar as limitações que o próprio tempo nos impunha dada a sua extensão. É fantástico como tudo se conjugou, desde há milhares de milhões de anos para a existência de algo tão perfeito como é a terra e a existência do ser humano que tem a capacidade do autoconhecimento num estado avançado, como nunca tinha existido [Agora é melhor não falar daquele ser humano, que na maioria, pode ser uma grande porcaria de ser; pronto, tinha que ser, não queria dizer mas já disse…sabem, é que as pessoas me parecem melhores vistas pela televisão ou imaginando aqueles que amam a paz e o conhecimento, mas quando saímos à rua, e acontecem roubos, mortes, atrocidades de todo o tipo, eu me pergunto, mas de que humanidade e evolução falamos nós?]. É maravilhoso como tudo se conjuga rumo ao futuro, que para nós agora é presente, e como se continua a conjugar para novos rumos, incertos. Ninguém pensava que isto iria estar como está no presente [Até começou a haver, se ainda não há, por parte de muitos, um optimismo desenfreado na capacidade humana, mas a verdade é que o mundo anda a várias velocidades]. É magnífico tudo aquilo que aconteceu e trouxe a este mundo a minha existência física além de que me trouxe até este momento de êxtase que tem sido a minha vida. A cada dia que passa fico silenciado pela noite, ansioso para que mais um dia venha ao meu encontro e que eu o possa vivenciar com a razoabilidade da inteligência, da saúde e que a sorte me dirija rumo ao sítios certos nos momentos apropriados. O tempo é de tal modo que: 1) podemos passar a vida, simplesmente agir, e dizer no fim que ‘foi rápido’, além de não reparar nos detalhes nem nunca se importar com a simples pergunta, porque estou eu aqui e porque me está a acontecer tudo isto?; ou como me tem acontecido a mim, 2) Constantemente temos na mente o passado, os sentimentos sentidos, as emoções não manifestadas, perguntando-nos constantemente a pergunta feita na alínea 1, perguntando ainda mais, ‘o que será de mim?’, ‘Que mais vou eu conhecer neste mundo e até quando me vai ser permitido isso?’, ‘Que significa tudo isto que sinto?’, ‘Porque sou eu um ser insatisfeito desde que me conheço?’, constantemente me maravilho e me surpreendo por tudo quanto acontece e existe até ao momento que percebo e constato que há uma ordem entre aquilo tudo que vejo e sinto. E tudo o que consigo fazer, ao tentar transmitir tudo aquilo que vivencio no interior do meu ser, são simples retratos da imensidão do que sinto. Vejo conjugações de situações na minha vida, constantemente, que me levam a seguir em determinado rumo físico ou com o meu pensamento num determinado caminho mental; dei comigo, há pouco mais de uma ano, a dar valor, ou a dar um valor diferente, a sinais que a vida me transmite e que sempre me transmitiu, não sei porquê, ainda, e é muito mais forte do que eu; eu sou levado por uma corrente que não queria seguir, talvez rumo à morte, que por qualquer motivo para mim significaria a vida eterna; mas eu tenho muito medo disso, ainda tenho que fazer justiça nesta vida, tenho ainda que ‘levar a água ao meu moinho’, quero sentir a minha liberdade, mas o medo da perdição também me acompanha; tenho a visão, nasci visionário, mas numa prisão, e, no entanto, cada vez que olho para trás, que reflicto sobre a minha vida, segundo aquilo que sei e como me compreendo neste momento, parece-me que segui o caminho certo. Ainda, algo me falta para me sentir realizado humanamente, talvez o meu sentido emocional perdido por esta pobreza mental que me cerca; onde está o meu sentido de empatia humana que se desvaneceu gradualmente? Como atingir o meu bem-estar, a auto-satisfação, o autocontrolo?


       Sou um ser único, com um ritmo próprio, e com um ‘sentir do tempo’ subjectivo. A minha autoconsciência tende a aumentar e cada vez mais estou desfasado do mundo social de contacto directo. O que me envolve fala comigo, mas tenho medo de que fale comigo de mais e eu não consiga compreender. Cresci a acreditar em coisas que fazem sentido numa outra maneira de estar na vida que não a vida que me envolve e não me permite estar ou permitirá estar, segundo o que eu próprio aprendi e que me levou a acreditar noutras coisas que entram em conflito com o que eu acreditava. E eu blasfemo, por vezes, porque aquilo em que eu acredito não me deixa satisfeito como deixava, não me traz a paz espiritual, uma vivência livre de pobreza mental e social. Poverty sucks , como diria um inglês.

sábado, 23 de junho de 2012

A dominância dos limites

                     Ultrapassando todos os limites da imaginação, há uma realidade que vai muito mais além dela e da qual estamos no encalço, pelo menos por vezes. Nesta busca incessante de liberdade, de satisfação das necessidades que nos sufocam literalmente até à morte perene, se não satisfeitas, assim, tanto a necessidade de comer como de amor, há um domínio por parte da necessidade não satisfeita que nos eleva o sentido da alma numa busca que por vezes se torna desesperada, uma busca por mais um tempo de vida. O domínio, do qual a inteligência, a sorte, a energia - que significa força física e/ou anímica - tenta superar, é algo que não é mal aceite por todos, tal como existem os masoquistas. Mas para mim não, neste sentido supremo da vida, custa-me que o domínio me afecte, e ainda para mais quando seja injustamente. A incapacidade de tudo não ser eternamente perfeito, que significa a existência do paradoxo, de querermos que tudo funcione bem e ser impossível tornar tal possível de uma maneira largamente funcional quando o desejamos e fazemos por isso, é algo que questiono constantemente: porque o auge não se pode prolongar, porque a proximidade é algo que não me assiste, assim como a muitos - fazendo a vida do mundo diversificada como é. Neste mundo de sonho, de virtualidade, a necessidade de dominar surge-nos muitas vezes, talvez faça parte da disputa das vidas pela evolução e não se possa ir contra isso, e, por vezes, estamos a dominar naturalmente, quando a natureza nos favorece, ou melhor, quando vai favorecendo alguns nessa reciprocidade entre natureza e individuo/ser que se dá, em que o individuo sai avantajado por qualquer cumulo de força dominadora que deve aparecer em determinado momento. Até que ponto vai o que está certo, o que é correcto fazer ou que está errado? Simplesmente, será fazer segundo a norma onde nos encontramos, caso contrário, se nadamos contra a corrente será difícil ou talvez impossível, perante a torrente, viver em harmonia; E os paradoxos surgem constantemente neste mundo, não é na minha vida somente, eles estão em todo lado, no que se diz querer fazer e no que se faz, por exemplo - que acaba-se por fazer precisamente o contrário- ou o discurso e o diálogo é contraditório muito facilmente; Mas, tudo isto é imparável (!). Porque quero eu mudar o que quer que seja (?): que aconteça simplesmente, e que a bonança esteja comigo, é tudo quanto posso pedir. Mas o meu tempo escapa, à medida que tenho mais para viver, à medida que o domínio é compreendido e de certo modo ultrapassado.

sábado, 16 de junho de 2012

O meu passado demanda o tempo futuro

                O tempo continua na demanda do infinito. Sem conseguir parar eu sigo no trilho que tenho seguido, talvez não possa escolher outro. Sinto o tempo que passei como uma brisa de ar, seria maravilhoso se eu pudesse sentir como senti o mundo e as pessoas, crescer com aquele poder infinito de ter um Universo pela frente, uma incomensurável possibilidade de ser quem queria ser. É um sentimento, ou melhor, são sentimentos tão extremos e complexos como complexo é o nosso mundo e a nossa vida e o Universo, que eu gostaria de transmitir. É maravilhoso interagir com o Universo exterior a mim, mas ainda não compreendo este sentimento de vazio e necessidade de constante procura de algo novo ou o redescobrir do que já foi descoberto. Já experimentei muita coisa, e no entanto pareço o ser humano mais ingénuo que jamais existiu à face da terra; melhor, afinal nem sei quem sou realmente. Nestas minhas andanças já partilhei e partilharam muitos sentimentos e emoções comigo, e tenho a clara noção de que fui impotente para que fizesse brilhar aquilo que sentia e que me faria transcender nesses momentos, fui fraco e era mais fraco do que a minha mente me dizia constantemente, [agora vejo o que podia e que não podia fazer e ser, mas se nesse ‘antigo tempo’ eu visse ‘o que não podia fazer’ eu não teria lutado e então eu nesta altura não seria quem sou, para não dizer ‘ninguém’, mas estaria muito aquém do que sou, seria um derrotado logo na partida, o que não aconteceu]; errei, não fui fluente nas minhas emoções com os amigos supostos, não fui agregador de sentimentos de coerência, senti medo e incapacidade e afugentei em lugar de me aproximar de pessoas, o medo estava comigo, e sei que isso ainda acontece hoje, por isso vivo nesta solidão, que não é tão grave quanto possa soar, pelo menos por agora. Vivo num mundo à parte, a querer voltar a ser adolescente e corrigir todo o mal feito, a querer viver segundo o meu desejo de viver, segundo aquilo em que acredito; no entanto dou por mim já a não corresponder às expectativas, a querer fazer coisas que não são as certas para este meu tempo, e tenho medo de me perder nas malhas de um tempo não recuperável e de uma mente confusa que me possa tomar de assalto (se é que não estou já nela), de perder mais e ser injustiçado, quando eu só quero viver em paz, com o necessário e ao contrário das forças que me têm puxado toda a minha vida para a mudez da minha boca [quero falar], para o medo e os mal-entendidos, para o aproximamento de coisas (pessoas, acontecimentos, conhecimentos) que não desejo na verdade. Sempre me fechei, e emudeci, na tentativa de me controlar, de entender o que se passa à minha volta. Com tudo o que passei psiquicamente sei que estou seriamente danificado, psíquica e psicologicamente, meus sentimentos e emoções não são normais, por mais que eu tente ser normal. Apetecia-me libertar, libertar e sentir uma força revigorante para mandar à merda a tudo o que não me dá o direito da liberdade de ser quem sou. Houve uma noite, entre tantas outras, faz tempo, estaria eu num dos momentos mais confusos da minha vida, então peguei no carro e fui dar uma volta, até um lugar perto e apreciar a noite para desanuviar, olhando as estrelas, além de que levei uma guitarra mesmo sem eu saber tocar guitarra. E eu toquei ao luar para as estrelas que me ouviam, decerto não havia ninguém por ali, num sítio que tão bem conheço, por isso a chacota deve ter passado ao lado; toquei magnificamente, pelo menos tentei fazer música, afugentar a dor de não compreender o porquê de eu não poder eu ser livre de me expressar. Além disso apeteceu-me gritar, e eu gritei bem alto, para tentar desentranhar tudo o que sentia preso dentro de mim. Mas não, não resolveu o problema fulcral da minha vida que ainda venho tentando compreender [talvez o de ser mal-amado; talvez o mundo não tenha compreensão para o meu amor]. Talvez algumas vezes tenha agido como um louco e me tenha sentido como tal, mesmo depois de ter feito o que fiz, mas vejo loucuras muito mais sérias a acontecer neste mundo, e eu se pudesse faria justiça a elas com toda a certeza. Mas não, tenho que viver escondido e calado, ninguém pode saber quem sou, porque isso seria o descalabro e eu não aguentaria ser quem sou. Como seria maravilhoso acordar um dia e ser livre para sempre, com o bem-estar dentro de mim e gozar e curtir esta vida como deve de ser, com uma memória renovada, com um desejo eterno de viver sem magoar e sem ser magoado mesmo nas situações em que se pode perder a cabeça. Já desejei o mais mal que se possa imaginar a este mundo [assim como já desejei de tudo que de melhor possa haver] e no entanto quem sou eu para ser atendido ao meu desejo e para que se faça a minha justiça (?). Será que tudo o que desejei irá alterar o mundo ou só me alterou a mim, e ainda por cima se ficam a rir de mim por ter desejado tais coisas, que eu pensava que eram boas.


                 O certo é que a noite tem sido minha companheira, companheira de solidão e ela me ajuda a compreender as coisas, quaisquer que elas sejam, mas eu não mudo, e sou um inadaptado do mundo social, sem ‘social skills’, a noite jamais me deu e jamais me dará aquilo que não posso ter de algum modo, enquanto algo não se resolver, a fonte do meu insucesso social. Falo como se houvesse uma harmonia social que eu tanto desejaria integrar. Mas a verdade é que a harmonia social que existe e que passa também não me convence, o mundo deteriora-se pela cegueira e egoísmo da riqueza que todos os seres humanos demandam, como se o dinheiro fosse um deus; isto é como as pessoas andarem a mexer em fogo junto da pólvora sem saber o que isso provocará, será o fim, as pessoas que não nascem com o sentido de amor pela vida, mal-amados poderão ser potenciais destruidores daquilo que não compreendem, além de que esses são guiados pelo desamor que é o que os faz mover; o falso conhecimento também está por toda a parte; E é do que acontece hoje em dia, ah! nada é com ninguém, todos têm os direitos ao bem-estar e mesmo quem está bem só tem é que usufruir e ser mais e mais consumidor do bem que existe, só a sua liberdade acima das dos outros e do bem comum, e usufruir da beleza comum que é o mundo e a sua também quando se aplica. Parece que já não acredito, como ainda tentam fazer passar, que ‘juntos podemos fazer muito bem’, que ‘juntos conseguiremos fazer um mundo melhor’; eu acho é que podemos fazer muito mal; ou então o melhor é fazer uma orgia global (!!!) que é o que se está ou se quer realmente fazer, e fornicar tudo, pronto, tá resolvido. Pergunto-me: Será mesmo este o caminho  para o fim? Cada vez menos a minha vida demanda o futuro, mas ainda a demanda, o que me diz que ainda terei um certo tempo de vida se os meus sentimentos estiverem correctos. Mas mais uma vez me pergunto a questão do porquê de tudo ser assim: vivemos e atingimos o esplendor, e ainda assim sempre seguimos insatisfeitos, pelo menos alguns como eu, que fui desancado do meu equilíbrio emocional, e tento descobrir as origens de como algo em mim me despoletou para ser quem sou e seguir o caminho que tenho seguido. Porque tudo tem de acabar? Porque não poderei acabar eu com o sentimento de ter vivido e feito obra? Como eu desejo acabar bem apesar de não me ter encaminhado bem (!).

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Fugindo da escuridão [ainda /(e/ou)/ para sempre]

                                Eu vivi na escuridão, literalmente: Os meus primeiros dois quartos eram escuros, não tinham janelas para o exterior – nunca contei isto acerca da minha vida. Cresci, bastantes anos, demasiados e importantes anos, sem saber quando amanhecia, sem a alegria de ver os dias que chegavam, a chamar-me. Acordar era como entrar num pesadelo, mais ainda, quando, ainda para mais, em vez de encarar com a luz a entrar pelo meu quarto entrava um vulto com uma voz estridente e sem sensibilidade para me chamar, pelo menos normalmente, já que não fosse com calma ou com ânimo, de que tinha que enfrentar, ou melhor ‘Fazer isto aquilo ou aqueloutro’ em mais um dia. Na verdade eu deveria era ‘abraçar’ [esse devia ser o direito da minha pessoa enquanto criança] e não ‘enfrentar’ mais um dia, estando eu na idade em que estava. Dou comigo por vezes a lembrar-me, vivamente, desses sentimentos que me assolavam e a compreender o que sinto e sou hoje, desses sentimentos que fazem parte de mim, em grande parte, ainda hoje. Assim, ainda continuo com as mesmas questões da altura: porque tende o mundo a fugir de mim, a calma, o que há de belo e a liberdade? E porque tende a depressão, a tristeza, a melancolia, a fraqueza de espirito a perseguir-me? Porque me persegue a escuridão? A minha contrariedade é grande, e é grande a quantidade dos meus desejos frustrados. Dei por mim, neste ultimo ano, a descobrir mais mundo através da internet, a descobrir muita da luz que me envolve, a natureza do resto do mundo que não conhecia, um grande resto do mundo natural que eu defendia sem nunca o ter visto, e tenho visto muito do social. Com isto tudo busco a luz do bem-estar da minha vida, mas, sinto que tudo me foge muito mais rapidamente também. Trabalhei aproximadamente 10 anos de noite. Até essa altura, que comecei a trabalhar de noite, a minha situação era má, para não dizer de ‘prognóstico’ péssimo: Eu não tinha grandes expectativas nem sabia por onde sair da situação em que estava; com muito pouco dinheiro e sem saber o que fazer para conseguir ganhar a vida, dada a situação de saúde mental em que me encontrava; foram anos difíceis, pelo menos os primeiros 3 anos que se seguiram. E assim, mais uma vez, quando comecei a trabalhar de noite, a escuridão me envolveu, mais uma vez eu senti que estava só no mundo e que estava como um barco à deriva em alto mar, e me fez querer que sou um ser solitário; desta vez eu poderia apreciar o nascer do dia que tanto tinha perdido na minha vida, mas, na verdade, eu não o apreciaria porque o dever de cumprir o meu trabalho não me deixava lugar para ter as minhas sensações, eu tinha que ganhar dinheiro, eu tinha de aguentar todos os nervos que me consumiam, eu tinha que aguentar [pensei que explodiria de tão louco estar, além da loucura que já tinha], não podia pensar em bem-estar, de ver os amanheceres calmamente, que estavam defronte a meus olhos; ‘Que será de mim? Aguentar-me-ei muito mais tempo aqui? Que farei se não me aguentar aqui (?), irei caminhar erroneamente para sempre, decerto…(?)’. Até que nos últimos anos (talvez os últimos 4) eu os pude apreciar, os diferentes amanheceres que se mostravam em toda a sua beleza, já com mais calma, algo em mim mudou, idealmente e fisiologicamente. Pensando agora nessas noites, em que tudo toma um movimento diferente, e provoca uma maneira de sentir diferente nas pessoas (julgo assim pela maneira como eu senti), uma acalmia, uma alucinação, que me levou a aprender o que nunca julguei aprender na vida. Durante esse tempo eu li, li muito; Eu pensei e reflecti, muito; eu me compreendi, e muito. E, ainda assim, apesar da compreensão, da acalmia etc, não aprendi a ganhar dinheiro na vida activamente, a virar meus pensamentos para a economia e subsistência; A minha subsistência não está periclitante a curto prazo, mas a um médio - longo prazo ela poderá estar seriamente em causa. Estou a envelhecer, tenho medo de perder ou de não conseguir aguentar o espirito de juventude que gostava de continuar a ter, os hábitos de ouvir música, ver um filme, mas ao mesmo tempo tenho que fazer algo para que não entre em miséria um dia, não posso perder tempo só a olhar para o computador, a curtir a música e as belas imagens, tenho que ser produtivo e ganhar com isso. E eu não estou bom, estou melhor, apenas, e tudo isto que digo é relativo.


                            As minhas dificuldades sociais sucedem-se.  O tempo passa e eu fico a perder no que diz respeito à sociabilização, mesmo este tempo de escrita me parece perdido por vezes como se fosse um monólogo fútil. Desabafo aqui e não me adianta, mas pelo menos ‘lanço as sementes ao vento’. Nestes dez anos de trabalho nocturno eu senti uma força estranha que me fez evoluir e compreender a um ritmo que julgo estar a perder ao longo deste último meio ano. As sensações que tive nestes dez anos de vivacidade sentimental foram as mais díspares, diversas e com intensidades variadas, com os horários de sono diurnos, quando trabalhava, e quando de folga, tudo se mesclava entre o cansaço, a troca de sono e de regime e horário alimentar; os sentidos tomavam e captavam novas sensações as quais eu tentava compreender; a música acompanhou-me neste tempo todo: houve a redescoberta das músicas que me marcaram enquanto jovem e a entrada no ‘mundo’ dos novos sons que a rádio me ‘servia’ no dia- a -dia, coisa que tende a desaparecer [terei eu começado já a decadência?]. A minha memória funciona de uma maneira que não se adequa a ambientes sociais complexos, e até minimamente complexos. A maneira como o meu cérebro interpreta as coisas até pode ser válido [em certas situações], e a mim parece-me que é, mas não é adequado às interacções sociais que diria que são normais, e adequado à sobrevivência económica. Eu provoco o meu afastamento dos outros; num mundo de expressão como é o nosso eu sou inexpressivo e mal-entendido quando tento me exprimir, eu sou diferente e não aceite, não compreendido. Eu não domino o que me envolve de modo a eu me adaptar ao que me envolve e o que me envolve se adaptar a mim. Eu vivo na incoerência do agir, ao contrário da norma, eu fujo dela e a vejo do lado de fora, eu os vejo interagir e com surpresa não me identifico com eles, e, eles me marginalizam, porque não querem compreender a escuridão.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

A dança do saber e do conhecimento

                Todos devemos ter possibilidade de acesso ao conhecimento, o que não acontece com muita frequência; Mesmo, hoje em dia, a internet não está ao alcance de qualquer um; por vezes ponho-me a imaginar a quantidade de pessoas que no mundo não sabem mexer num computador, um pouco que seja, quantas não o viram, ainda, e muitas outras que têm computador e acesso a internet pouco mais sabem do que utilizar o computador como passatempo, uns joguinhos, talvez andar pelo facebook, que está na moda, enfim muito pouco, e acontece, sobretudo em países mais pobres, a ignorância total. Eu não sei muito, também, é verdade, e o meu conhecimento é generalizado, sei um pouco de tudo, mas nada de muito saber em coisas que são específicas e/ou concretas; já o disse mais vezes, o meu pensamento é divergente e leva-me à análise e absorção generalizada das coisas e a minha motivação é a de saber o essencial de cada coisa/assunto/matéria segundo as minhas necessidades, e depois, com isso, [tenho o prazer de associar] /associo constantemente umas coisas com as outras. O conhecimento e o saber é, para mim, essencial para a paz, quer da realidade externa, quer da paz interior. Não é só a internet que traz o saber e o conhecimento, é certo, mas ela é uma fonte enorme de conhecimento, ninguém o poderá negar. A pessoa que não compreende o mundo e a si mesma, aquilo que se passa exteriormente a ela e interiormente a ela, poderá torna-se agressiva/agir erradamente/cair em auto- marginalização quando o azar lhe bate à porta ou por inconsciência, poderá disparatar facilmente, não sabendo defender-se e/ou desviar-se daquilo que lhe pode fazer mal; Com conhecimento e saber, com uma visão de águia, tudo se torna mais fácil para o conhecimento de tudo o que o envolve, as pessoas, o mundo, o Universo – assim, o amor-próprio cresce, a vontade de viver tem um novo sentido, surgindo novas motivações constantemente. É claro que as pessoas têm as suas culturas, todos nós nascemos englobados numa cultura próxima de nós, a partir da qual nos desenvolvemos e que aceitamos, normalmente e habitualmente, quando nos conseguimos adaptar a ela. Mas, e quando não nos conseguimos adaptar a ela e/ou ela é nefasta para nós? Então, surgem as marginalizações, os abusos de poder sobre esses [nós/eu] que ficam afastados dessa cultura, que deviam ter absorvido e comungado; quantos há por ai assim, que são excluídos porque não são compreendidos, excluídos por essas pessoas que entram na cultura que os envolvia, mas que de ‘saber’ e ‘conhecimento’ têm pouco, e por isso, essas pessoas sem escrúpulos, fazem mal a quem está débil/na ignorância/marginalizado já de sua própria condição.


            Tenho um sentimento, que me surge frequentemente, e que me diz que tudo o que falamos é relativo, assim, o que digo é relativo segundo o que sei, segundo o que sinto, segundo as emoções do momento em que o digo, de acordo com o que sei do assunto, de acordo com a maneira como a minha mente pensa, de acordo com os meus ideais e a minha conduta de uma maneira geral – acontece que estou a falar e a certa altura não acredito muito bem no que digo, como se fosse um paradoxo. Falamos para evoluir, também, é certo, sei-o. É errando que se evolui, é errando, e muito (!), que se aperfeiçoam os seres e as coisas e os ideais, com o devido desgaste de outros sistemas. E assim, tento, com as minhas palavras, fazer a apologia de quem eu sou e de tudo o que se passa comigo e à minha volta, onde os meus sentidos (saber e conhecimento) abrangem [fazendo jus ao lema do meu blog que está no topo da minha página inicial de apresentação]; Sinto, ainda, como se fosse uma criança (magoada) sensível, questionadora, fascinada, … : magoada com aqueles que me deviam amar mais; sensível, ainda, porque, precisamente, me magoo facilmente; questionadora porque me pergunto constantemente ‘o porquê’ de tudo ser como é e acontecer como acontece; fascinada com as respostas que encontro, com tudo o que de maravilhoso vejo, dentro do equilíbrio que consigo ter ou que a vida me dá, com o meu suposto esforço. A criança que há em mim continua em busca da perfeição, e custa-me que as pessoas se relacionem pelos motivos errados; a criança que há em mim compreende as atrocidades que se têm cometido em toda a parte do mundo, ao acaso com que as coisas acontecem, devido ao desconhecimento, à falta de saber e devido ao florescer de culturas erradas, destruidoras, malignas; a criança, pessimista [ou será realista?] que há em mim continua a ver um futuro [humano] incerto e de destruição – a maioria das pessoas continua seguindo como se nada fosse com elas, comodistas, como se houvesse e tivessem todos os direitos os homens, cada um, como se a culpa do que acontece fosse do governante ou dos outros [sem querer defender partidarismos ou politica], alimentando uma complexa cadeia de destruição que será adiada enquanto a mãe terra conseguir colmatar todos os nossos erros [e penso com isto em destruição da natureza sem necessidade, destruição de ecossistemas, de espécies de animais, destruição do homem pelo homem]. E pergunto-me e ponho esta questão a todos: será que ainda há tempo para a vida? Sei que sou um homem com fé e com a mania das grandezas espirituais, mas desesperançado quando a minha mente abrange a compreensão do confim do Universo e a subtileza do equilíbrio desta terra. Já disse isto mais vezes, porque será que nasci com esta consciência? Esta consciência de sofrer por coisas que não me deviam dizer respeito… É claro que este é ou deve ser o preço daqueles que foram destinados ao saber e ao conhecimento: o sofrer, a solidão, a entropia dos sentimentos e o destemperamento das emoções [contudo não é sempre, pois quando a maré é ‘a de se sentir bem’, esse ‘sentir bem’ é imenso e incomensurável, eleva-nos ao pico das emoções, mesmo que não manifestadas, algo que a pessoa comum não deve alcançar, suponho] – assim digo, com isto, que nem o conhecimento me tem livrado e nos pode livrar de sentimentos e emoções obscuras, do mal-estar que acontece a quem compreende mas é pequeno de mais para mudar o mundo que é exterior a mim/nós; eu sinto-me frustrado por não conseguir jamais mudar o que quer que seja neste mundo, de não levar a água ao meu moinho e nem querer entrar na dança que me convida constantemente esta vida, uma dança que tenho medo de dançar, a dança de um conhecimento e saber desconhecido.

sábado, 21 de abril de 2012

Pedrada ao contrário


 


         Neste momento, decidi tomar a bebedeira da suposta lucidez, em lugar de tomar o comprimido que me reprime ainda mais; não tomei, e agora estou mais desperto e a ludibriar aquilo que me tem em suspenso, me tem cativo, me tem aprisionado os sentimentos. Temo que amanhã não possa dizer o mesmo. Consigo compreender que para mim como para muitos a lucidez e a normalidade pode ser uma anormalidade e (por isso mesmo) vivermos em constante aperto. O excesso de normalidade pode ser mau como os excessos de álcool ou outro tipo de excesso dito ‘nocivo para a saúde’. Agora estou bem, porque mudei a constância do discurso e da minha vida, é mínimo, mas mudei. A mudança custa-me, a adaptação a novas situações e a determinados momentos é difícil para mim. Assim como o excesso de álcool produz maus efeitos, o excesso de sobriedade me parecem ser igualmente nefastos. Tudo advém da energia, com muita energia podemos ir longe, com energia positiva ainda mais, grandes sentimentos, grande passado e um futuro promissor pode ser conquistado; a repressão por parte de quem não tem valor para que essa mesma pessoa ou pessoas tenham valor é ignóbil, compreendo claramente isso. O equilíbrio existe porque grandes desequilíbrios existem para que o equilíbrio fundamental exista. O sentimento de verdadeira liberdade é o da diversidade de acções, e da mudança de condições quer mentais quer físicas quer fisiológicas. Uma pessoa parada, com os mesmos estímulos, constantes, não consegue evoluir e vai retroceder em relação rumo à melancolia; uma pessoa no escuro e sem possibilidade de sair e ter o brilho do sol como o brilho da maravilha de compreender, e, ter o exterior que lhe pertence, perde a maravilha da vida, assim eu já perdi muita; e devo dizer que estar em casa fechado sem a possibilidade de sair à rua e ver o dia e ir mesmo passear de vez em quando me stressa e me faz sentir como um incapacitado. Precisamos de mudança: do sol e da tempestade; não a constância que por vezes pode também ser bela, mas dentro dos seus limites: tal como não queremos grandes e prolongadas tempestades que destruirão tudo também o sol e a constância dele não trará a eterna felicidade e o contínuo prazer. Porque a energia não é eterna, porque somos uns insatisfeitos, e por isso mesmo, porque somos uns insatisfeitos, porque o prazer a maior parte das vezes é um momento fugaz o único caminho é evoluir e saber mais e fazer mais até não mais poder. Sei que hoje vou dormir um sono diferente, que nem um pedrado, que deixa a sua sobriedade, só que eu ao contrário disso. Sei que gostaria de deitar fogo sobre a chuva de tristeza, e secar todas as lágrimas não vazadas mas pensadas e sentidas. Gostaria de me libertar por muito tempo sem no entanto não perder, mas ganhar. Não, a ordem do mundo não está boa (!), está a rebentar pelas costuras o ‘equilíbrio’, e muitos andam para ai a gozar com tudo num faz ver que está tudo no bom caminho, o mundo está a melhorar, dizem e fazem ver. Porque me hei-de preocupar? Pelo menos por hoje não me vou preocupar, porque estou com uma ‘pedrada’, mas ao contrário, não sei se estão a ver o que isso é, pois com a verdadeira pedrada [como um drogado] me sinto eu todos os dias, a pedrada de ter que fingir normalidade, que também sou uma pessoa como as usuais; devia ter a liberdade de agir segundo o que sou mas para mim o mundo não é perfeito. Amanhã vou estar numa merda, ou talvez não, até um dia a seguir ainda vou estar bem; ah! Mas hoje vou curtir esta cena de estar ao contrário do que é habitual, vou curtir novamente a música, como se ainda estivesse a crescer. Perguntei-me agora: ‘porque olho sempre para trás sempre que faço algo? Porque estou olhando se errei?’ ; E olhando estou errando mais, vou errando e olhando para o contínuo de erros que faço estando cada vez mais errado; Ah! Mas hoje sei que não vou errar, estou numa boa, vou sonhar com anjinhas, que sou aquele que imaginei que seria e quem nunca fui; ainda não sei qual vou ser, mas um diferente certamente. Hoje vou estar no topo, no topo da glória, mesmo que não chegue lá, mesmo que nem vislumbre o que isso é, mas eu vou estar, eu vou sentir-me super bem. Hoje o mundo será justo, porque hei-de sobreviver para contar o que de belo se passou e esquecer o que de mau aconteceu. A força da liberdade de ser quem sou, de usar o que sei para sobreviver há-de ser usada a meu favor e há-de ter utilidade. Hoje hei-de vingar os meus ideais, hei-de ainda provar que sou bom naquilo a que me proponho, nem que seja de uma maneira generalista. Hoje hei-de delirar, ter um novo delírio que me empurrará para uma nova visão e possibilidade de ser e fazer as coisas. Hoje hei-de brincar e abusar da loucura que me assiste para amanhã saber estar sério e controlado. Amanhã serei contundente, hoje não, hoje vou esquecer o que isso é. Amanhã entrarei na compreensão comum das coisas, entrarei na vida comum, casarei, terei sexo, trabalharei, a vida será de satisfação, mas, hoje não, hoje será de insatisfação, procura do necessário, entrarei na luta de ideais e assim continuarei por ai adiante. Amanhã tudo fará sentido, mas hoje estou de descanso, estou com a carola cheia de pensamentos de que realmente vence quem não entra por aí, pelo caminho da sabedoria e do conhecimento, e eu estou nessa meu! Eu já não sei o que isso é, isso de continuidade do pensamento, de acções, de que sou inteligente e por ai a fora. E pronto, as dificuldades?! Já eram! ADEUS!... Até à vista, ok.


 


 


 


 



 


 


 


 


 

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Desconforto a ultrapassar, satisfação a atingir

             Não sei por que motivo eu sou quem sou e sinto como sinto. Não sei qual o sentido da evolução, quer pessoal quer de uma maneira geral, nem do caminho rumo a uma utopia – a perfeição- Não sei para que aprendemos, se isso que aprendemos nos faz sofrer; porque tem de ser assim tudo? Escondo-me atrás destas palavras na esperança de fazer minorar a minha dor da existência que me atormenta, a tensão emocional que me acompanha, os medos, mas ainda mais, o grande stress de não poder ter calma em grupo, num conjunto de pessoas, de compreender as coisas e a situação, o que as pessoas dizem, o ideal partilhado, de saber quem sou e como estar e proceder nesse mesmo grupo e também de partilhar os sentimentos de determinados momentos e situações, de ter a minha personalidade e de não me auto- comiserar, de não sentir que estou a agir mal, simplesmente agir naturalmente, sem as emoções da dessicronia. Sinto-me tão só (!) com esta intensidade de sentimentos, com este ser único e isolado, com esta fome de harmonia de emoções que temo nunca mais ser satisfeita, tendendo mais para o isolamento. Compreendo tudo o que me fez chegar aqui, e cada vez mais, mas aquilo que não desenvolvi no tempo próprio receio que não irei desenvolver mais, embora a fé de que tempos melhores virão me fazerem mover, talvez a ilusão do sonho me mantenha suportado, talvez a sede de justiça me ampare. Por onde quer que vá e esteja o peso da maneira como me exprimo [ou melhor talvez, a apatia e inexpressividade, o desconforto] cai sobre mim; vejo nos outros, que quer num curto espaço de tempo, mas mais ainda à medida que o tempo de convívio se vai prolongando, a minha influência negativa neles e a maneira de pena com que me tratam umas vezes, outras com gozo, outras com solidariedade manifestando a resposta à minha ansiedade e pânico do mesmo modo, que por sua vez me faz crescer a minha ansiedade e pânico ainda mais porque queria dar-me normalmente, não ser a fonte de toda a desordem, de todo o descontrolo. É óbvio que as pessoas vão criando sempre mais distância, cada vez mais, à medida que o tempo passa, nem que por vezes pareça o contrário, é uma maneira natural das pessoas o facto de se afastarem daquilo que causa desconforto, o meu desconforto neste caso, de que tanto falo e me atormenta. Uma pessoa em descontrolo pode por em perigo a sua vida ou pelo menos a sua qualidade de vida, a maneira como se sente a vida também, quer num curto espaço de tempo quer num longo período de tempo, assim tem sido comigo, compreendo isso. Sonho em quebrar as amarras que me envolvem desde sempre, no dia em que serei livre. O saber tanto e não poder dar nem ter dado vazão, expressão, a tudo isso que sentia e sinto tem-me cada vez mais sufocado, e não sei como me posso equilibrar e partilhar das emoções das pessoas que me envolvem com sentimento de satisfação, sem qualquer desconfiança, sem ver maldade, ou pensar que existe maldade na maneira como me tratam, como me fez quem me devia amar mais, uma pessoa tão vã, manipuladora, simulada, egoísta e egocêntrico, que prejudicou a criança que eu era e possivelmente até ao fim dos meus dias. Ele me fez e faz desconfiar do amor na família e de outras pessoas para comigo. Ele me retirou a capacidade de reacção, e quero querer fortemente que não foi só porque eu que nasci assim, tímido e reservado, ele deu cabo da minha mente e continua a dar, aquele que me deu a vida.            


            Como estar normal numa situação de convívio? Temo que enquanto continuar concentrado nestas questões todas e não as abandonar, a pensar nisto tudo que me influência sem ter capacidade de esquecer e agir ou reagir, não vou melhorar os meus sentimentos e logo as emoções; mas também é verdade que não as pude abandonar [abandonar toda esta maneira de sentir e ser] porque se tivesse feito isso, e se não fosse assim, eu, neste momento, não me compreenderia, e estaria mais perdido, esquecido de toda a fonte ou de qual a verdadeira fonte ou fontes do meu mal, pois, talvez não haja só uma fonte, e não teria sido capaz de lutar contra elas da maneira silenciosa que luto. Anseio pela independência, por agir de acordo com os meus ideais, sentir-me normalmente satisfeito.  

terça-feira, 3 de abril de 2012

Uma nova consciência [Emerge de mim]

            Estou diferente. Sou a mesma pessoa, na conduta que me rege, no entanto muito em mim mudou, quero crer nisso pela maneira como me sinto e me vejo. Não sou mais uma criança, e ainda, no entanto, continuo à procura dos significados de ‘criança’, ‘jovem’ e ‘adulto’, porque ao mesmo tempo eu sinto-me como se sempre tivesse sido o que sou e da maneira que sinto, apenas cresci fisicamente e tenho mais conhecimento. Particularmente, sinto que a minha consciência mudou, e ela continua emergindo, daquilo onde sempre eu fui e existi. O Professor Marcus du Sautoy, na BBC, fala da existência de um código em tudo o que existe ao nosso redor, do qual fazemos parte, fala de um código matemático, o qual tenta demonstrar através de exemplos concretos que existem à nossa volta, de compreensão relativamente acessível para quem tem conhecimentos básicos de matemática. Mas eu ao ver estes documentários dele, assim como tenho visto outros documentários dele e de outros de outro tipo, sinto-me a crescer para lá dos meus limites, o meu conhecimento transborda constantemente, a minha consciência de mim e do mundo que me envolve e mesmo do Universo aumenta consideravelmente. Não sei onde este caminho me vai levar, mas já vim de muito longe até aqui, e sinto-me um privilegiado por estar aqui e saber e ser o que sou, por sentir algo novo como estou a sentir no presente, como se fosse a dádiva de algo para comigo. Mas tal como todos os seres sou um ser delicado e não quero ser magoado, que não quer deitar tudo o que sei e sou a perder. E realmente convenço-me cada vez mais que é possível compreender, o que somos e o que existe à nossa volta, como se tudo pudesse ser simplificado, sem no entanto querer dizer com isto que o conhecimento e compreensão de que falo seja um dado adquirido para qualquer pessoa, mas sim para um numero mais reduzido de pessoas, e muitas só com muito esforço ultrapassarão os limites a que algo exterior a elas as tenta limitar e controlar, essa estranhas e inúmeras variáveis que nos envolvem. Muito do que vem a ter até mim, é a confirmação de algo que eu já senti no tempo passado da minha vida, como se eu previsse aquilo que me é demonstrado, através dos meus olhos, do meus ouvidos, da minha mente, enfim, de todo o meu ser; muito do que vem até mim me fascina assim como me fascina o porquê de eu ter nascido com esta conduta de vida, com esta maneira de ser e de sentir que me apreendeu e me trouxe até hoje. A minha vida não tem seguido consistentemente e dentro de um limite como um rio que segue dentro daquelas suas margens, quero dizer, com o gosto por uma única coisa, por uma única profissão, por um conhecimento particular esquecendo, digamos, ‘que tudo o resto existe’ ou que não é comigo tudo o que de resto se passa à minha volta. Assim, tenho adquirido ao longo da minha vida um conhecimento muito generalizado de tudo o que consigo abranger dentro do tempo que vou tendo e com a motivação que me vai surgindo ao longo desse tempo. A minha cabeça não tem parado de trabalhar ao longo de todos estes anos, segundo após segundo, tentando compreender aquilo que deveria ser para não compreender ou esquecer, que tudo é um acaso, que não interessa analisar, a minha vida, o porquê de tudo isto que sou eu e do que se passa (?), comigo em particular; Pensando fortemente eu aprendo, além de tudo o que sinto e comparo e associo, tudo, dentro desta caixa mágica que está bem em cima do que eu sou. É óbvio que poderão dizer que isto, que este modo de estar na vida, não me dá o pão de cada dia, e é verdade (!) que não me tem dado o ganho monetário para viver [vi-me algures no tempo perdido e a querer desaparecer sem saber o que fazer para ganhar tostão na vida, até que encontrei um emprego para ter algum metal ou papel mais estúpido que alguém inventou como tendo valor em si]; mas quem sabe se (este modo de estar na vida) não tem facilitado a minha existência que de outro modo seria pior, muito pior, por tudo o que tenho dito neste blog, como se fosse uma chance de ultrapassar a minha vã existência tornando-a em algo especial – mas tenho a dizer que tem sido uma maneira de viver oculta, dentro de mim, e vivida nos tempo livres, aqueles de quando quero fugir ao destino fútil que me quer envolver -. Eu sou generalista, e eu me tento relacionar entre toda esta generalidade da qual faço parte, com o Universo, e tento perceber o ‘como’ e o ‘porque’ o Universo fala assim à minha alma e ao meu ser, porque não sou eu mais nem menos do que qualquer outro ser existente neste planeta, apesar de sentir como sinto e de pensar que sou especial. Eu tento estar, como sempre ‘optei’ [ou talvez não tenha sido opção] por estar no centro de tudo, perto da média, perto do equilíbrio, o ponto ou a zona mais difícil de estar neste mundo, por ela ser tão breve em qualquer medida de tempo a que nos refiramos. É aí, no equilíbrio, no centro ou na média, entre os extremos, que reside a virtude da vida, e é ai que eu tento pôr a minha virtude. Ainda sobre o Professor Marcus du Sautoy e os documentários que fez sobre ‘o código’, ele refere a existência do caos na vida, da complexidade que algo toma à medida que o tempo passa e à medida que as variáveis aumentam, referindo-se ao mesmo tempo da existência de padrões que se tendem a descobrir. Ele se refere à existência perene e ocasional de padrões perfeitos (geométricos em particular entre outros), coincidindo com o que eu já disse outrora aqui sobre a existência escassa e difícil de atingir, as perfeições; extrapolando, as acções dos seres vivos perfeitas que tenderemos a compreender com o tempo, à medida que ele urge e o espaço equilibrado e vital para nós se tende a deteriorar.


            Tento estar no equilíbrio, no centro, na média, na perfeição, na virtude, mas a verdade é que isso é complicado a maioria das vezes, porque parece ser quase impossível, se é que o não é ser ou estar de tal modo. As forças que nos envolvem, as pessoas que me envolvem não pensam como eu, não têm a mesma conduta - e nem todos somos bonitos e com sorte -, nem todos ambicionamos o equilíbrio porque o homem ousa tentar pôr à prova o equilíbrio, desequilibrando-o, sem necessidade, blasfemando a sua breve existência, semeando a má semente entre a boa semente, parafraseando a literatura bíblica, quando ele tem a capacidade de separar o trigo do joio. Talvez a minha perfeição seja um estado de espirito meu, que eu ambiciono, e que se torna tão difícil de alcançar. Terei pena se um dia a minha vida descambar para o incerto desequilíbrio, como já senti alguma vez na vida, duvidarei de tudo outra vez, e terei medo de me esquecer o que sou e o que fui, de esquecer a relação de forças (parentais, em particular, entre outras) que me moldaram. Acho que sou capaz de me reparar, de tornar o mau passado em bom futuro. Muito de mau vem ao meu encontro até ao momento presente, não encontro em quem confiar e parece-me que as pessoas estão sempre a lixar-me, não sei porque se passa isso, mas ambiciono que tudo isto mude, e a forças da confiança me ilumine e me faça prosperar no que é certo e viva feliz o resto do tempo que ainda tenho. Assim, o iceberg degela e emerge cada vez mais pequeno.


 

terça-feira, 20 de março de 2012

Entusiasmado

                Por vezes entusiasmo-me por mim próprio, em mim próprio. Sei que o que sinto e vejo é magnífico. No entanto, fui educado e cresci com a forte convicção de que a prudência é nossa [minha] amiga e joga a nosso [meu] favor. Já o que faço [exprimo] é extremamente limitado, tanto em trabalhos manuais como em expressividade de outro tipo, e isso torna-me imensamente inseguro, não acreditando em mim próprio e fazendo-me sentir como um incapacitado muitas vezes – sei que sou exigente comigo próprio e isso contribui para que eu me sinta desanimado facilmente quando não vejo resultados bons na minha acção. Tento há já muito tempo [há anos] concretizar, especificar, aquilo que me faz um profundo atrito, aquilo que me trava e não me deixa evoluir. Pensei a certa altura, há uns anos atrás, que não conseguiria jamais identificar, restringir e particularizar, aquilo que eram o meus problemas, tal era o meu estado e a quantidade de problemas que me atormentavam. Felizmente, agora, me parece que tal situação melhorou imenso: aprendi tanto nestes últimos anos (!); vi coisas que nunca pensei vir a ver (!); exprimi-me como nunca pensei mais que me exprimiria, em particular, aqui neste blog; fiz coisas e relacionei-me com pessoas de um modo que nunca mais pensei que iria fazer, apesar dos meus, ainda, grandes handicaps (dificuldades) sociais – que talvez nunca acabem, mas vejo que também a culpa é da dificuldade em se entender com os outros devidos a imensos motivos que não só estão em mim, mas em grande parte nos outros, agora vejo isso; Sem dúvida eu mudei (!) e todos aquele problemas que me atormentavam e pareciam imensos e impossíveis de particularizar para os poder ‘atacar’, eu os defini e separei em grande parte, para minha admiração. Assim também, neste momento, vejo e compreendo porque muita gente continua frustrada na vida, a zangarem-se com quem não tem culpa nenhuma dos seus problemas, com quem quer, até, ser seu amigo, a fazer perdurar o seu desequilíbrio; e isto acontece porque as pessoas perdem a noção, ou não identificam [porque não conseguem identificar ou porque não conseguem lutar contra o motivo de todo o desequilíbrio em suas vidas] o causador ou a causa de origem de todos os seus problemas, e não lutam contra essa causa ou causas – eu andava assim(…). - [Penso, ‘talvez eu seja um sortudo’] - Por exemplo, no meu caso eu vi que o meu pai é o grande causador de todos os meus problemas da minha vida, apesar de ser ele quem me deu os pontos de referência para muita coisa de quem eu sou, e ainda me dá; muito resumidamente: suas atitudes para comigo ao longo da minha vida, sua maneira de ser para comigo, sua personalidade controladora algo mais ainda que eu não conseguirei dizer agora ou por poucas palavras, todas aquelas coisas que eu compreendi e associei em minha mente, eu as fui destrinçando e destrinçando aquilo que meu pai é e a maneira como ele, com tudo o que ele é, me foi afectando ao longo da minha vida, e me fez andar errático; além disso, eu associei tudo isso no ambiente familiar que me cerca, entre os quais a maneira como os meus irmãos são e agem e em relação com a atitude e maneira de ser da minha mãe também; e posso dizer que cheguei a conclusões que fazem todo o sentido até porque as constato in loco, no momento real e presente da minha vida e isso serve-me de referência no modo como hei-de de agir perante as minhas adversidades. Seja ou tenha sido tudo como foi, o tempo é unívoco, e pais e famílias só temos uma, e eu tenho uma e fico contente por isso, ao contrário de muitos que andam perdidos sem referências e sem compreender o porquê de suas vidas serem como são. O ponto principal de tudo isto é que eu compreendo a minha vida e isso me faz viver, apesar das dificuldades; não consigo enxergar um mundo sem dificuldades, e tudo o que se passou na minha vida me transformou no ser tímido, inteligente, magnífico, maravilhado, agradecido, que eu sou. As dificuldades são assim, muitas vezes incompreensíveis no momento nas quais as estamos a vivenciar, mas que trazem o fruto mais saboroso no fim de tudo, e a sensação de ter vivido e ter usufruído do prazer de viver é algo de indefinivelmente belo. É certo que cada vez mais o mundo me foge, o tempo quer levar toda a potencialidade existente em mim, sei que um dia será pior, mas quero acreditar que serei um ser cada vez mais conformado há medida que tal acontecer e ainda mais agradecido por tudo o que foi a minha vida, pelo menos eu posso dizer, eu vivi, eu tive uma vida, cheia de plenitude.    

sexta-feira, 16 de março de 2012

Rompendo as cadeias que prendem meu coração

      São imensas as cadeias que prendem meu coração, mas já foram mais. Ouvindo Richard Marx, ‘Chains around my heart’… e, como sempre, momento após momento, eu vibro com as recordações e com a sensação de estar vivo e ter vivido, vibro, surpreendido, com o chamamento da vida nas ocasiões que penso que tudo vai desabar outra vez. Surpreendo-me e ao mesmo tempo tento aceitar aquilo que me ultrapassa, que não consigo mudar. Realmente tudo o que vivi tem um significado, e é maravilhoso ver as coisas encaixar e tomarem sentido. Todas as minhas vivências a encaixar, e, no entanto, sempre na defensiva perante o desconhecido do futuro. Eu queria reagir, e não consegui, não me foi permitido, fiquei passivo, absorvendo tudo à minha volta, tentando compreender infinitamente o mundo que me cercava, como tento compreender mais e mais a cada dia que passa ainda hoje, isso é-me permitido. Mas eu penso que tenho pouca capacidade de reacção, ainda. De bode expiatório a um ser especialmente querido, a minha metamorfose continua, nem que tudo seja ilusório. No entanto, tudo é incerto, só tenho a certeza de ter vivido, dos azares e das sortes que tive, qualquer previsão do futuro pode estar completamente errada, porque um número inimaginável de infinito futuros me podem acontecer. Sinto que a minha vida vai ter mais uma mudança no futuro que se aproxima, e queria acreditar que a vida me vai dar uma nova chance de melhorar quem eu sou e de poder gozar mais um tempo de vida de intensidade agradável. Pensei que não arrancaria mais com a minha vida, pensei que seria mais um caso perdido, de pessoas esquecidas neste mundo, mais um esquecido neste mundo, e que iria esquecer quem eu tinha sido um dia, pois só via tenebrosidade, melancolia e escuridão na minha frente, além de sentir uma profunda incompreensão do que se me estava a passar, e sentia uma imensa impotência de lutar contra forças tão estranhas e que me puxavam para o abismo. Agora, aqui estou eu, sentindo o cheiro de uma nova primavera, tentando invadir o meu espirito com sorte e positividade, neste preciso momento. O quanto desejo que todas as frustrações se vão embora da minha vida, que o equilíbrio venha ter comigo, que tenha forças para que pessoas maldosas não me consigam ferir. Quem me dera que isto que sinto fosse o cálice da vida, a compreensão geral de tudo, ou pelo menos da minha vida em que eu sou o centro do meu Universo. Eu tive a oportunidade de VER este mundo com uns olhos especiais, dados a um ser especial, e do qual só eu posso falar. Eu fui amado desde toda a eternidade, porque estive previsto desde sempre, eu nasci e cresci contra todas a probabilidades, porque me foram dados os caminhos certos para atingir estes momentos. Não sei se poderei falar do mundo agora, mas parece-me que estou apto a falar do que eu conheço, de mim próprio, e talvez com isso eu possa contar também a história do mundo. Talvez eu não possa salvar o mundo nem as pessoas que sofrem, mas posso tentar salvar-me a mim para que outros se salvem. Reafirmo a possibilidade do conhecimento e a existência da sabedoria, os quais eu respeito desde toda a minha existência, e talvez por isso eles me dão momentos tão bons na minha vida e me são tão queridas. Queria acreditar que Deus existe, mas talvez me baste saber que eu existo por meio de algo que tende a mostrar-se à medida que o tempo passa, não interessa o que lhe chamemos, e que a perfeição está nesta amálgama que por vezes parece o caos e por outro lado parece magnificamente perfeito. Sinto-me vivo ainda, e tudo o que senti faz sentido e teve uma razão de ser. Eu tive uma hipótese na vida como poucos terão possivelmente, ou pelo contrário, todos tem essa hipótese, mas nem todos a conseguem aproveitar por motivos que ainda compreenderei um dia. É o sobe e desce da vida, os momentos agradáveis e amenos e até mesmo de vigoroso esplendor versus a queda, a dor e o atrito que nos tomam sem compreendermos o porquê de ser assim. É assim até mais não podermos. Eu vejo desde aqui o que me envolve, sem no entanto ver como os outros. Eu vi: claramente a ironia do mundo; o fingimento; a minha tamanha imperfeição na tentativa de ser perfeito, assim como os erros das outras pessoas e os meus também; a relatividade de tudo, como já me parecia existir desde os meus primordiais pensamentos; a oportunidade de respirar, novamente, por um pouco que fosse, para poder mergulhar mais fundo nesta minha azarada vida. No entanto, não sei se me é permitido esta sensação de plenitude, como a conseguirei manter? Será que consigo?

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Os problemas magníficos da minha vida

    Mais um dia magnífico passado. A minha vida, como tantas outras, tem sido magnífica, vencendo obstáculos apos obstáculos, compreendendo as minhas dificuldades, umas após outras. É com rancor sincero que penso em todos aqueles que seguem na intolerância em relação à minha pessoa (empatizo com os que estão em situação idêntica), de que tenho sido vítima toda a minha vida. Eu não queria sentir isso nem estar aqui a dizer tudo isto que digo e repito muitas das vezes, mas caio na malha do meu destino constantemente, que até me parece que existe, o destino de cada um. Foi já um longo caminho até aqui, o meu, como muitos dirão do deles. Vou só dar um exemplo de uma dificuldade para que se tenha ideia do que falo, se não me lembrar de mais alguma ou a minha mente tender a esconder o que é negativo para exprimir: Eu ruborizo facilmente, sempre corei facilmente e isso tem sido uma fonte de discriminação da minha pessoa na minha vida, eu sei que sim e agora ninguém mo pode negar (!); e vou dar o exemplo de hoje, eu entrei num bar, na rua estava frio de rachar, o bar estava quente demais, e eu ruborizei facilmente ficando com as ‘bochechas como um tomate’ (frase de um amigo), e como não sou tolo percebo o que se passa à minha volta, e nas cabeça das pessoas até, diria, e eu disse ao meu amigo que é uma pessoa normal e não ruboriza facilmente, ‘a ti não te acontece isto pois não?’, ao que respondeu ‘não, porque te acontece isso?’, eu, sei que não vale de nada o falar sobre isso, e simplesmente respondi ‘já é de família’, sentindo que para ele era indiferente a minha situação, aquela com que eu tenho vivido e tenho de viver a minha vida toda. Ah, mas não é só por isto, e se eu tivesse um poder eu me vingaria de tudo aquilo por que tenho passado, podem ter a certeza disso, de toda a vida de discriminação, sabendo que meu pai e minha mãe sãos as pessoas ‘culpadas’ de ter vindo a este mundo, é verdade, e são culpados de muita coisa que sinto, pois foram eles que me moldaram o pensamento, mas o não ser aceite como sou por parte dos outros revolta-me imenso. Em relação ao rubor, penso que quando era mais novo não ruborizava tanto, agora fico mais corado facilmente, posso dizer que entro mesmo em hipertermia com choques de temperatura e choques emocionais, alterando-me mesmo o meu estado de consciência e de alerta. Toda a minha vida tenho vivido com medo do rubor e do gozo. Eu nasci com alguma propensão de introvertimento, talvez, mas os medos com a hipertermia junto a pessoas foram crescendo, e sei agora que isto não é normal, de tal modo que isso também me afectou a maneira como raciocino. Nasci moderadamente débil, fui ‘amamentado’ através de leite em pó, porque o leite da minha mãe não era nutritivo o suficiente, ela já estava numa idade avançada. Nasci talvez sem ser querido e esperado, tenho que admitir isso para mim mesmo por mais que não queira pensar nisso nem dizê-lo a ninguém. Mas também digo que meus pais não me abandonaram, talvez devido à cultura em que estão inseridos, e, claro, talvez porque terão senso de pertença, algum amor, e vergonha de abandonar um ser, e sei lá que mais. Sinto que a ignorância e o infortúnio me persegue desde que tenho memória, penso mesmo que desde que nasci ou ainda antes, e me chamam para junto deles e que não pense na vida, que a vida é como é e que não podemos mudar o que ela é. Mas eu queria mudá-la, queria, desde sempre, do mais profundo do meu coração, da minha alma, ser uma pessoa normal, mudar a minha vida, não passá-la em sofrimento, aceitar-me como sou e ser aceite como sou. Mas eu não me aceitei como sou, tenho que o dizer, e tenho a certeza que é porque os outros não me aceitam como sou, cheios de falsidade quando dizem o contrário. Cresci a pensar que o rubor passava, que se lutasse contra ele eu ganharia, talvez através de umas bofetadas dadas ao longo do tempo eu tomasse calo e ele não mais voltasse. Mas se não fosse assim eu agora não estaria aqui, se não fosse a ilusão e a força que me foi dada de viver pelo Universo. Mas não, eu nasci simples, sensível, com vontade de viver (é certo), mas com uma personalidade débil dentro de uma cultura e com pessoas que me querem aprisionar no que sou e sinto, querem roubar-me a minha liberdade e até a minha vida. Eu diria agora, depois de tudo o que tenho passado, que o mundo é fantástico, mas os seres são abomináveis, reles na natureza de agir, erráticos, por mais que se chame a isto tudo evolução das espécies. Muitas pessoas ficam magoadas ao ouvir isto, mas mesmo a pessoa mais inteligente do mundo e mais influente no mundo que houver nos séculos que provierem será simplesmente um ser errático, um ser que nunca atingirá o dom daquilo a que um dia se chamou Deus. E eu posso estar errado, mas isso não me pode interessar porque eu já não estarei cá. Nostradamus também deixou a palavra que Deus quis que ele deixasse, talvez mesmo todos os seres agem segundo um objectivo pré-determinado por algo nunca tangível. Penso mesmo que o homem se autodestruirá. Talvez tudo o que se passa seja um acaso. E com tudo isto do rubor eu me tornei assim. Mas algo lá bem no princípio da minha vida se tornou uma bola de neve que eu não consigo destruir agora. Não foi só o rubor, mas também a minha tendência de tímido, introvertido, com sintomas de Asperger, autismo, sei lá que mais, e confesso que odeio todos esses que inventam doenças para se governarem, tirar proveito monetário do infortúnio dos outros que por algum motivo não se encaixam nos cânones dos tempos em que vivem, eu os abomino como eles me abominam a mim. Eu só quero viver, será pedir muito? Ser tratado como humano, como sou, que sejam tolerantes para mim, tudo tal como eu faço para os outros. Não foi só o rubor, foi o fechamento que foi tornando conta de mim, a fuga ao perigo, eu só queria fugir dali, as fobias…. As ansiedades… tudo sem controlo, a tal bola de neve. Eu calei-me por de mais, proibiram-me de falar – como eu odeio meu pai-, não me deixaram reagir - como eu o odeio -, e odeio todas as pessoas que me trataram mal, me humilharam na minha vida. Como eu odeio a falsidade, de quem não lhes nasceu a vergonha na cara, o rubor, o bom senso. Eu nasci aberto ao mundo, como uma tábua rasa, eu nasci do zero, com todas as probabilidades contra mim de viver, e no entanto vivi e vivo, tentando vencer a ignorância e o mau  trato. Eu abri a minha mentalidade, a minha mente ao conhecimento e à sabedoria, nasci na pacatez e sou pacato na maneira de me exprimir, mas o meu mundo ideal, as minhas ideias fervem neste caldeirão que é a minha mente. Que vou fazer nos que me resta ainda da minha vida? Não sei, tudo é tão incerto e fugidio. Vou ser mais um ser para esquecer, é certo, porque ninguém é mais que tudo o que existe. Nem vou falar do bullyng, nem de todos esses termos que tem a ver com falta de dignidade. Fiz tudo certo na minha vida, fui uma pessoa cheia de bondade, e mesmo assim, para minha surpresa, sou a pessoa que está mais errada neste mundo.  
    Com tudo isto, algo em mim atrai o azar, me quer destruir. Cada vez que penso em todas as situações incompreendidas da minha vida tenho pena de mim próprio e me pergunto porque teve de ser tudo assim??? Pensava que o meu silêncio era forte (o suficiente) para afastar o azar e tinha a certeza que caminhava no bem e seria recompensado num futuro com bem-estar, enfim, enganei-me. Não posso sociabilizar, por causa do meu rubor, dos meus ideais errados ou desajustados, por causa das minhas emoções estragadas e deturpadas e sem coerência. Cada vez mais me parece que tenho de viver no virtual, ao menos no Virtual, do que sem acesso ao virtual, falar com ninguém, estar offline, estar inerte. Mas o que é o correcto? Cada pessoa com suas ideias, cada um a dizer a sua maneira ideal de viver… eu não posso viver assim, por isso me isolo. Até quando vou viver com dignidade? Não sei, mas a coisa pode dar para o torto, e é o mais certo, será um milagre se eu viver muitos anos e estiver enganado. Será uma luta de dia após dia, para pelo menos tentar lá chegar.