Define o meu pequeno dicionário: " sexualidade: características morfológicas, fisiológicas e psicológicas relacionadas com o sexo." Talvez seja uma definição pouco descritiva da verdadeira dimensão desse conceito. Essencial na sua objectividade mas muito concisa na sua subjectividade, no meu parecer, estática quando na verdade o conceito de sexualidade é versátil. Sexualidade não é só o aspecto de uma pessoa- um conjunto de órgãos objectivamente estudados -, não é só um conjunto de reacções orgânicas que nos levam a um fim, sexo (a reprodução, nos animais), não é só o comportamento observável das pessoas, no que diz respeito ao sexo, e não se define mesmo com todas essas características juntas. Ela é mais do que isso. Sexualidade é mais que intimidade consigo próprio, afecto, erotismo, amor. Ela manifesta-se na inteligência, força, poesia, amizade, nos sentimentos [e emoções (alegria, raiva, tristeza) ], nos gestos, no diálogo, dirige a forma como pensamos. É a força da vida em si mesma. Dou comigo a pensar e pôr hipóteses: ‘a sexualidade, na verdade, é o que faz mover o homem’; ‘O homem vivia no paraíso. No paraíso o homem tinha tudo o que precisava: alimentos. A sexualidade reduzir-se ia nessa altura ao acto sexual que servia para reprodução e se propiciava automaticamente quando a fêmea andava com o cio (como nos animais). A certa altura da evolução o homem começou a pensar sobre o que pensava e logo sobre o acto sexual e sobre aquele impulso incontrolável. Ele podia rever-se nesse acto e inventou a vergonha, como um sentimento de confusão por não entender aquele impulso que o levava aquilo. E começou a conter e a tentar controlar o sentimento que apareceu a par da vergonha, o desejo, tapando as partes púbicas. Digamos que foi destes dois sentimentos antitéticos (desejo por um lado e vergonha- repressão do desejo- por outro) que se deu o ‘big bang’ da evolução do homem, ao reprimir o seu desejo, ao tentar controlá-lo ele explodiu noutros sentidos como por exemplo, e o mais paradigmático exemplo, no do desenvolvimento da sua inteligência e o que está directa ou indirectamente ligada a ela: o aparecimento da técnica, a capacidade de abstracção relacionada com o aparecimento da linguagem. Tudo isto devido a esse virar-se para si próprio e descobrir-se a si próprio. Tudo para dar vazão a esse manancial complexo de sentimentos que caracteriza a sexualidade.’
A sexualidade diz respeito a todo ser humano. Ao contrário da sexualidade animal que é facilmente definida, a componente psicológica da sexualidade no homem torna-a complexa. Diria, como complemento, que sexualidade é tudo o que nos leva ao sexo, é o preliminar dele, fim último e principal para que vivemos, talvez...pelo menos no minha maneira de ver as coisas é. Todo o homem coloca questões, essas que podem ser do tipo destas: ‘de onde vimos? Para onde vamos?’ questões estas difíceis de serem respondidas. Mas quando nos questionamos ‘qual o sentido da nossa vida?’ não será fácil encontrar uma resposta? Ao fim e ao cabo o objectivo da nossa existência é a reprodução e a perpetuação da espécie. Pondo de parte os eufemismos e falando linguagem comum, o objectivo é o sexo (o acto sexual, aquele clímax final de todo um percurso). Todo o homem (e mulher) tem etapas de realização, primeiro realiza-se no simples contacto com o sexo oposto, depois no acto sexual e mais tarde em ter um filho. Acho estas as principais etapas de realização no que diz respeito à sexualidade e as básicas da vida. Considero que as demais realizações que se vão tentando surgem após ter estas satisfeitas.
Acha que o planeamento de um filho passa apenas pela parte sexual e reprodutora?Instinto animal apenas?E se o seu filho um dia lhe perguntar "pai porque é que eu nasci?"Vai responder lhe: Hipotese 1- "Porque a taxa de natalidade precisou de um aumento e o Cavaco pediu para procriarmos."
ResponderEliminar2-Porque a terceira fase da sexualidade e realização pessoal é arranjar descendência.
3-Porque a tua mãe e eu nos amámos e quisemos partilhar esse amor contigo.Nasceste por isso.
Hum?
Ao dizer 'planeamento de um filho' subentendo que já passou por varias fases anteriores da vida, e subentendo que é uma pessoa com uma moral (boa) e que compreende a responsabilidade de ter um filho. Se na sua opiniao um filho nasce por amor, tenha em vista a enormidade, um conjunto vasto de pessoas, que nasce (ou cresce) sem amor, por descuido ou por procura da simples satisfação do prazer sexual ou por outros motivos (por exemplo para satisfação do próprio ego, ou sei lá que mais - e que vejo que na sua mente não poluida não cabem tais realidades) e que na verdade não são amados durante o seu crescimento: é dessas pessoas que faço a minha apologia. O amor e a sexualidade interpenetram-se e podem complementar-se ou não. Sinto que voçê é do sexo feminino e tem uma outra visão da sexualidade, e ao comentar como comentou, revela esse lado feminino, materno, de mãe que tem amor pelos filhos que tem ou que virá a ter, e sei que não são todas as mulheres iguais. Mas, também,a visão do homem acerca da sexualidade é diferente, o homem vê e sente a sexualidade de uma maneira um pouco diferente da mulher, por isso os homens são homens e as mulheres são mulheres. Na verdade, continuo a sentir, e por isso acho, que o fim ultimo da sexualidade é mesmo a sobrevivência da espécie, isto num grau mais profundo, vasto e geral de reflexão. E, para mim, tudo o que o homem (ou mulher) faz, tem no seu mais profundo sentido, se não só mas também, o desejo de amar e ser amado, exprimindo para isso toda a sua sexualidade dentro de contextos culturais, através da arte, da linguagem, das funções que desempenham ou de qualquer outro modo de contacto humano. Se um dia um filho meu me perguntasse 'pai, porque nasci? ' eu lhe diria: - porque eu te desejei muito e quis amar-te, a ti, mais ainda do que aqueles que amo e tolero neste mundo - porque és meu-.
ResponderEliminarGrato pelo comentário.
Não, de facto não me referia a descuido ou mera satisfação sexual inconsequente ,referi me mesmo ao desejar um filho, planear a vinda de mais um inocente a este mundo .Na minha mente impoluta sei que existem infindáveis motivos para se gerar uma vida.Receber mais um abono,porque é o passo lógico numa relação e na vida, pressão familiar, egoismo até inveja.Eu não passei por quase nenhuma das fases como supõe, não vim incorporada com instinto maternal sequer. Mas na minha dúplice e ambigua condição de ser céptica e crédula, ainda acredito que a razão primeira e última para se fazer um filho seja o Amor.Quanto ao papel do homem na formação de um novo ser...não ia gostar de saber a minha opinião.
ResponderEliminarObrigado, por escrever e mais ainda por me responder