Setembro 2006
É domingo, todos os domingos são deprimentes para mim. Domingo é sinónimo de festa na tradição, e eu não gosto de festas. Eu estou em baixo. Mas não foi a causa um domingo, não, a causa está no mais profundo do meu ser que se perdeu por esses domingos afora, e me pôs à nora. Eu sinto-me lixo. Mas que é isso, isso que me faz sofrer desta maneira sem razão, eu estou numa prisão? Eu sinto-me bloqueado. Mas que sentimento é esse que me faz andar como que mijado? Eu sinto-me com medo de falar. Mas que se passa comigo que mal consigo respirar? Eu sei a causa de tudo, eu consigo vislumbrar, mas aquilo que me provoca a emoção mais forte é quando me sinto a apagar. Os dias passam, para uns, para mim trespassam-me, como uma flecha que eu nunca senti, mas na verdade o sangue me faz jorrar. Eu falo no meu pensamento, eu falo a toda a hora e a todo o momento, mas a única maneira do que eu me sinto é como um verdadeiro jumento. Tristeza vã e solitária que me possuiu, já há muito tempo e que me faz fugir de todos, sinceramente, eu estou metido em lodos. Eu preciso de caminhar, ar, amar, olhar, desertar, prosar, lembrar, chorar primeiro para depois alegrar, sentir a brisa do mar, deixar de divagar, não me chatear, não me preocupar, desconcentrar ou concentrar (?). Às vezes bem me tento alegrar, quando alguém me tenta abordar, mas estou a ser falso, a minha tristeza consome-me como a uma vela ao ar. Eu sinto o expoente da melancolia, o romantismo, a noite que não deixa antever o dia. Eu sinto por muitos, eu sinto a minha alma cândida ofuscada com dor, mas que posso eu fazer pelos outros, se em mim nem o meu amor. Talvez ele não seja para nós, seja para os outros, mas como se pode dar a quem não estende a mão para o receber, como que orgulhoso com o seu doer. Insatisfeito, assim me tornei, neste percurso por onde trilhei, insatisfeito comigo por não alcançar aquilo que me propus fazer, insatisfeito e sem conseguir ou por não conseguir fugir, a uma espécie de destino que me tem levado a seu bel-prazer. Propus-me viver alegre, sempre a sorrir, por um momento consegui-o, mas a certa altura já era a fingir. Perguntei a Deus, o porquê de haver um destino, alguém me sabe responder? Deus omnipotente, não quererá ele fazer sofrer a gente? Justo com ou por pecador? Se pega a dor, eu sou pecador então. E como isto que acabo de dizer, assim é o meu sofrer, dou o dito por não dito, aquilo em que acreditei, eu abanei como um terramoto interior, e depois de muito ter desabado, aqui estou eu desanimado, estupidificado, desorientado. Penitência Senhor penitência, que agora estou doente, neste leito ainda quente, mas até quando? Penitência por algo que eu fiz, ou que eu nunca fiz? Já não acredito, no mais profundo do meu ser, esta é a verdade que me destrói, não acredito no objectivo da minha vida, se é que o há, escrever para o infinito, para o nirvana da existência humana. Mas nunca o saberemos, o fim, nunca o compreenderemos, o princípio, e ainda bem que é assim, tudo tem o verdadeiro sentido na abalada e na chegada, quanto ao resto é tudo água a passar pelo ciclo da vida, o efémero ciclo, sim tão curto como dia, mas tudo com a medida certa. A minha vida tem a medida certa. Já ultrapassei os meus limites faz tempo, eu morri para voltar a nascer, assim é o viver de alguns. Este é o meu viver.
Bem isto esta espectacular... ( nao tenho palavras para o descrever )....
ResponderEliminare tao bom saber que existem pessoas assim no mundo ou em (portugal)....
mas o mal disto tudo e que nunca as xegamos a conhecer....
os conhecidos sao sempre os mesmos, somos obrigados a gostar deles, mas a verdade e que ninguem gosta deles....
Antes de mais obrigado pelo comentário. É bom saber que há gente que nos aprecia por uma ou várias qualidades qualquer(es). Sou uma pessoa muito difícil de conhecer, dada a minha timidez que remonta às minhas origens e que já extravasou. Sou por isso uma pessoa que cara a cara não tenho grande expressão oral e o meu raciocinio é deficiente. Torna-se imensamente doloroso interagir deste modo com os outros, como se tivesse medo de falar. Ainda tenho réstias de esperança de mudar para melhor.
ResponderEliminarcomo gostava de te abraçar!
ResponderEliminardizem que os meus abraços são muito bons... têm o aperto certo e revigoram porque sai amor do meu coração! revitalizam e animam e esse é o meu maior prazer na vida... quero tornar todos as escuridões em luz, todos os pesos em leveza, absorvê-los a todos e, num simples sopro, fazê-los parte do eter...