Deparo-me, há já algum tempo, com artigos,
de supostas opiniões que, talvez, tentam ter uma base científica (se bem que de
cientifico não compreendo o que têm), que afirmam que se devem evitar ‘pessoas
tóxicas’ para se ser feliz. Certamente, outras pessoas que terão uma maneira
idêntica à minha, sentirão isto: logo à partida sinto-me, imediatamente (passe
a redundância), discriminado, pois, conscientemente, sei que eu serei uma
pessoa que se insere no conceito de ‘pessoa tóxica’. Vejo imediatamente também,
por parte de quem defende tais ideias de discriminação e segregação das pessoas
que se inserem em tal conceito, uma posição fascista, do ponto de vista do comportamento
delas, para com os outros, e, certamente, serão racistas, quiçá sexistas também,
na sua maneira de lidar com as outras pessoas, entre outros conceitos que
radicam na mesma posição de ideias. Pois, serei uma ‘pessoa tóxica’ devido ao
meu ‘baixo astral’ (palavras brasileiras), devido a ser uma pessoa pessimista,
séria, cinzenta na maneira de comunicar, pesada com as palavras, confusa no que
digo, não fluente nos ‘rumos felizes do mundo’, e, tudo o mais em que eu não
consigo pertencer à ideologia de uma raça que se vai tornar superior (segundo
dizem pela ‘evolução’), pelas suas habilidades de comunicação e inteligência
emocional e social, pela sua alegria de estar na vida e de interagir
fluentemente com os outros. Fui tomando consciência, ao longo deste meu
percurso de vida, em que por vezes o manifesto neste blog, de que, certamente,
de algum modo mais ou menos marcado influenciei negativamente, e sem ter a intenção
e consciência disso, muitas pessoas que se cruzaram comigo na minha vida [até em
algumas pessoas que até me parecem nutrir alguma amizade por mim (nem que seja,
simplesmente por solidariedade)], devido minha maneira de ser ‘tóxica’ (segundo
o tal conceito), o meu baixo astral, o meu nervosismo e ansiedades
incontroláveis, etc. Mas tenho, com certeza, também, consciência da
marginalização a que fui sujeito na vida, de um certo ‘bullying’ (que na altura
não se falava neste conceito, nem eu entendia as coisas como tal) por parte de
certos colegas e não só, e, parece-me que tais pessoas que provocaram ou
provocam estes comportamentos discriminatórios, certamente, não se consideram
‘pessoas tóxicas’ e provavelmente nunca ninguém os considerou como tal, tendo
eles agido como escroto da sociedade, ao fazer tais coisas; assim, as pessoas
que manifestam tais opiniões de discriminação, de que se deve evitar as
‘pessoas tóxicas’, de pessoas que são
tristes ou pessimistas, e que me parece que, a maioria das vezes, sem o querer
ser (e que têm uma razão de vida muito válida para serem e sentirem como são e
sentem) e que, obviamente transportam baixo astral e influenciam
negativamente o ambiente à sua volta, não nego isso, (tais pessoas que produzem
tais afirmações), são certamente arrogantes (com tendência a ser prepotentes se
assim o conseguirem ser), desconhecedoras de um mundo enorme de sentimentos e
emoções que os rodeiam, um mundo que não se cinge apenas ao que é positivo,
correto, feliz, saudável, cordial, de relações fraternas e favoráveis, portadoras
de um certo ilusionismo de vida (penso que posso dizer isso), de um optimismo
exacerbado [ignorando o todo que existe à volta de cada pessoa, como que,
desconhecendo que todos vivemos em relações intensas e não visíveis (dada a sua
complexidade) com os outros, com a natureza e com o mundo, com o Universo, numa
teia grande de mais para se entender facilmente as suas ligações], tornando-se
um escroto da sociedade ao fazer tais discriminações fascistas, que certamente
se tornam racistas, prepotentes e tudo o mais que está relacionado com estes
conceitos. Para mim, quem produz e
dissemina tais ideias de segregação de pessoas, são pessoas abjectas, que só
olham ao próprio interesse, que pensam que sabem mais que a maioria das pessoas,
quando na verdade, nem tentam entender, pelo menos um pouco mais o mundo e tudo
o que existe, e não querem saber o que, como eles lhe chamam, uma ‘pessoa
tóxica’ pode ter para dar ao mundo e à vida; uma lição que seja, de coragem, de
inteligência acima de inteligências não ‘tóxicas’ entre outras coisas, como
seja, também, a contribuição do que significa existir e ser humano entre
humanos e restantes seres vivos. Não temos que nos dar com quem não
queremos, se não fazem o nosso tipo de pessoa; cada pessoa é livre de escolher
os amigos que quer ou pode ter, se os prefere alegres e bem-dispostos, ou,
sérios, nervosos e com um comportamento estranho. Mas disseminar tais ideias de
segregação de pessoas deve ser bloqueada; no fundo, desejaria impropriamente,
que, um dia tais pessoas que afirmam tais barbaridades sentissem na pele aquilo
que apregoam, para se tornarem mais humanas e inteligentes, e verem que
absolutismos (ideais absolutos) não podem existir, e nem devem existir, numa
sociedade que se afirma, arrogantemente, em ‘evolução’ e cada vez mais
inteligente. Quiçá um dia, talvez algumas dessas pessoas, que afirmam coisas
desse género, tenham filhos que sejam deficientes, por exemplo, como irão
seguir o seu ideal de ser feliz? Quiçá um dia os filhos que terão serão tristes,
com baixo astral, pessimistas ou etc., como defenderão o seu ideal de evitar
‘pessoas tóxicas’? Não amarão seus filhos como são e não tentarão ajudar a
fazer feliz, se possível, um pouco que seja, esses filhos que por qualquer
motivo são diferentes? Abandonaram-nos? Quem
consegue viver feliz para sempre, evitando ‘pessoas tóxicas’, tendo filhos
saudáveis e eles próprios com saúde toda uma vida, a essas pessoas, parabéns
(!), tiveram uma grande sorte na vida, e se a tiverem, também, na morte, só
tenho uma coisa a dizer-lhes, <<invejo-vos do fundo da minha alma>>,
porque eu também um dia segui o ideal da perfeição, do bem-estar, da juventude
eterna, do aqui e agora (o presente), da despreocupação (tentada), do
desconhecimento da culpa e da infelicidade…; Repensem as teorias que tentam
espalhar por esse mundo, porque a história existe para nos ensinar, a
inteligência para evoluir. Hitler também, um dia, idealizou um mundo
fantástico de uma nação dominadora, de um poder absoluto, de uma pureza de uma
raça, de um mundo e de um poder que não teria fim, de um mundo de homens
intocáveis.
Um
facto é certo, enquanto esgrimirmos as palavras, talvez, as acções erradas sejam
contidas e moderadas. Então, melhoremos o nosso discurso sempre, ou, pelo
menos, tentemos. Se existe o ‘tóxico’ infeliz, se tiverem o antidoto dessa ‘toxina’
então injectem-lhe para ele ser feliz, porque, se podiam fazer algo e
simplesmente ignoraram, um dia talvez lhes aconteça o mesmo quando menos
esperarem e sejam vítimas de algo que pensavam ser imunes. O meu grande ideal acerca dos
seres deste mundo é o de que todo o ser tem direito à vida, uma vez jogado a este mundo, e tem o
direito de lutar por ela de acordo com as Leis da vida e a sua compleição
física, fisiológica e mental, no entanto, em respeito pelos outros seres e
culturas, a não ser que Leis maiores se levantem, Leis essas, que não são
propriamente as leis que o homem cria, que não passarão de simples regras de convivência;
mas também, todo o ser tem o dever de se melhorar a si próprio, se tal lhe for
possível, e fazer melhor do que aqueles que o antecederam, e essa é uma Lei da
natureza, que pode estar de acordo com o conceito de ‘evolução’, do qual não
posso estar alheio.
Esta foi uma apologia dos seres e de
mim próprio, mas nada fica por aqui, nada é definitivo.
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