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Aqui está uma pergunta que faço,
talvez, desde sempre (ainda que inconscientemente, a principio), mas, mais em concreto,
desde que eu me apercebi (tomei consciência em mim próprio, num momento que
ficou bem marcado na minha memória e de que falarei mais adiante), que eu não
reagia à comunicação (diálogo) em eventos sociais, sejam eles de que tipo for, tentando
‘esconder’ (disfarçar) a minha presença, e é como se não fosse capaz de
raciocinar em eventos sociais em que tenha que intervir, e um bloqueio atroz toma
conta de mim (E que certamente fez, faz e continuará a fazer estragos, em mim).
Sei agora de causas, conheço melhor, agora, bastantes ‘porquês’ (e a
transversalidade em que se tornou esse bloqueio inicial) que contribuem para
isso, e, tento que a minha mente não desfocalize e perca tais memórias para que
vá, pelo menos, entendendo quem eu sou e o que se passa comigo, ainda que não
consiga ultrapassar tal grande obstáculo para mim (se bem que o caminho é para
a frente e a cada dia ganho de vida, por paradoxal que pareça, é mais um dia
perdido naquela que poderia ser ‘a minha vida normal’); digo isto num modo
característico que é o meu e que é idêntico na forma em que já tenho abordado
noutras conversas passadas; Tenho consciência do risco e o fardo que é
continuar a fazer tal introspecção, tal inçepção, como tenho feito desde sempre, para que não perca o fio à meada na
descoberta de quem eu sou, o lugar que ocupo no mundo, e o porquê de eu ter
que trilhar os caminhos que trilho, se é que me podem entender. Mas esse é o
risco que tenho que correr para não incorrer noutros riscos que seriam mais
danosos como sejam uma loucura antecipada ou um vazio existencial ou uma apatia
vivencial ou outros riscos que não quero correr já, agora, desnecessariamente,
quando ainda tenho outras opções para ‘reagir’, de certo modo; Digo isto porque
oiço, muitas vezes, coisas do tipo (quando oiço, quando tento ‘falar’): ‘Não
penses nisso!’; ‘Não vale a pena pensar nisso.’ ‘Tás a complicar as coisas, a
vida é fácil’. Mas se eu não pensasse ‘nisso’ como poderia defender-me do que é
nefasto para mim? Será que alguém o pensaria para mim e me resolveria ‘o
problema’?
Vivemos num mundo de comunicação, e eu
tenho medo de me pronunciar ‘ao vivo’, mesmo que seja só um pouco (não serei o
único, certamente: para uns será mais incapacitante ainda do que para mim, ou
talvez esteja enganado 😳 (flushed), talvez eu seja mesmo dos piores, mas
continuo a fingir que nem sou tanto assim, escondendo ‘a real situação’; para
outros, esse problema será mais tolerável do que para mim, mas a capacidade de
se exprimir, de exprimir com normalidade aquilo que tem que ser expresso pelo
nosso espirito, é uma necessidade, não só, do homem do futuro, mas, também, já
do presente, para que possa viver em equilíbrio psíquico, e isso é algo de
natural quando não há causas anómalas que rompem com o desenvolvimento normal e
em equilíbrio do nosso espirito, sejam elas causas
internas – doenças de qualquer tipo-, ou causas externas a nós, ao Ser onde nos foi dado ‘o sopro da vida’),
e essa incapacidade de me pronunciar na presença de vários interlocutores, para
mim, é como que uma sentença de morte aos poucos, sei-o, até porque analiso o
futuro em infindáveis suposições do que me irá suceder, temendo o pior para mim
(Podem chamar-me pessimista). Sei que não sou bem interpretado por ser assim,
sobretudo com desconhecidos que não me conhecem ainda; sou marginalizado pelos
que me conhecem; enfim, é complicado, e eu sempre complico ainda mais, com
certeza, eu sei. Vou escolhendo desistir aos poucos e acomodar-me no cantinho
que posso arranjar, no dia-a-dia, numa esperança ilusória, que é o que me parece.
Para mim, estar numa simples formação com algumas pessoas, por exemplo, a
pensar que me vão pedir intervenção, mesmo que mínima, é, gradualmente,
extremamente aflitivo e desconcertante [Se eu pudesse passar despercebido…], em
que tento conter sentimentos e emoções e reacções fisiológicas que sei que vão
descambar quando chegar o momento tão receado (com ansiedade crescente até ao
momento que se pode tornar numa fobia em que vou ter de me ausentar, ou seja,
fugir, de onde me estou a sentir mal, como o fiz recentemente). Venho há longos
anos tentando verbalizar correctamente o que se passa comigo, [tentando verbalizar o que me parece ser, na
vida real, proibido de se fazer,
porque o medo que se gera do próprio medo, incompreensão e descontrolo é algo
de indizível, que as pessoas nem querem pensar nisso sequer], venho tentando
escrever algo de construtivo (se calhar ainda não fiz isso, nem sei), antes de
mais e principalmente para mim, para minha referência, aquilo que me apoquenta
e destrói a minha vida nesta sociedade comunicadora, antes de tudo, repito,
para que possa tentar encontrar soluções adequadas à minha situação particular,
sabendo eu (pelo menos até certo ponto) que haverá tantas e tantas situações
idênticas à minha no silêncio. Sinto em mim, que seria deveras constrangedor e
humilhante (e sei lá que mais), a pessoa errada saber isto que eu estou a dizer
e saber quem eu sou, sentir-me-ia arrasado, sei-o, porque já mais vezes tentei
falar com certas pessoas das dificuldades que tenho, e ver de seguida que errei
no confidente, na pessoa do tipo que desvaloriza o que digo, que não percebe do
que falo e ainda por cima, sinto que fica a saber a minha dificuldade para a
usar contra mim num outro momento, se tiver tal intenção (podem dizer que é
paranóia – eu digo, talvez, mas não posso admitir que não há uma percentagem de
verdade no que disse). Sei também que amanhã de manhã me vou sentir mal e
cansado por estar aqui a tentar verbalizar algo com sentido para mim, mas difícil
de ser entendido, desconhecendo o alcance das minhas palavras, ou também será
mal, se elas não tiverem alcance, se forem em vão. Mas certamente não serão. Não
devemos guardar tudo para nós, mas também devemos estar atentos ao confidente
com quem vamos exprimir a nossa dificuldade ou desabafo.
Agora, o momento em que eu tomei
consciência da minha dificuldade, concretamente: andava no 10º ano, estava numa
aula de Filosofia em que pela primeira na minha vida tinha que expor com os
meus colegas as nossas ideias sobre um assunto que já não me lembro qual era;
pois, não consegui exprimir uma só palavra e no fim, pela primeira vez, percebi
imediatamente que algo não estava bem, e isso me fez percorrer o caminho que
tenho percorrido até hoje; Penso que se pode chamar a isto: optar (inconscientemente); lutar [contra o incompreensível (Porque
me aconteceu isto?) em busca de soluções, ou respostas pelo menos, vivendo na
esperança dia após dia, muitas vezes, rumo ao desconhecido]; aceitar (a aventura de vida que nos
espera); não desesperar imediatamente
(seguindo na base de certas ideias, ainda que, na maioria das vezes se revelem ilusões,
agora o sei, para nos sustentarem nesse longo caminho); aceitar a ajuda, de quem pode, se houver quem, se vier por bem e sem angustiar
ou destruir mais a pessoa com nomes e interpretações que são pejorativos e
lesivos para a vida e para a normalidade que se deseja alcançar de um Ser que
não perdeu nunca a consciência de quem é.
E
agora? As perguntas
sucedem-se dia após dia. Como superar a
[minha] timidez obsessiva - compulsiva? ; Voltando atrás, tão rapidamente
quanto possível: as causas de tudo isto? Genéticas? Genéticas potenciadas pelo
azar (da minha vida) de não ter tido a sorte (o ambiente) a favor da dissipação
desse problema? Porque me passaram tais genes e ainda por cima reforçaram o que
havia de negativo por quem deveria ter sido amado? Foi deliberadamente ou
intencionalmente que o fizeram? Porque me usaram como um boneco (que é o que eu
sinto)? Porque me sinto um bode-expiatório? Eu não sinto vergonha, nunca fiz
nada da vida que me fizesse envergonhar, por exemplo, não matei, não roubei,
sempre tentei seguir os bons ideais e valores do bem, da paz e da vida (da
nossa tão frágil vida). Aclarando o conceito como eu o vejo: a vergonha não é propriamente o que as
pessoas (com o senso comum) acham que é, e é confundida com outro tipo de
manifestações de emoções como sejam a timidez ou a dificuldade de se exprimir
por exemplo; na minha interpretação, a manifestação da emoção ‘vergonha’ é a
noção (sentimental) de que se fez algo de muito mau, como os exemplos que já disse,
e sentir-se consternado por tal erro e pelas consequências que podem advir de
tal erro muito mau. Neste sentido, o facto de eu não me conseguir exprimir em
público não significa que é por vergonha, uma vez que não considero que tenha
feito algo muito mau na vida como ter matado, violado, roubado etc. mas por
motivos de timidez excessiva, associada a características introspectivas
excessivas, causas genéticas e traumas (causas externas, ambientais) que me
levaram a ser assim. Quero dizer que não sou envergonhado, pelo conceitos em
que já justifiquei o que considero ser ‘a vergonha’. Não queria ser um homem de
topo, ‘super’ comunicador, com imensa capacidade de exposição, mas também não
queria ter este handycap. Estaria disposto a aceitar-me como sou, como tento
sempre fazer, dia após dia, mas esbarro constantemente nos ideais das pessoas que
me envolvem em confronto com os meus, numa cultura que não me incorpora, na
incapacidade de ultrapassar esta dificuldade de comunicação de quem não está
disposto a aceitar (mais uma vez: aceitar), a tolerar, uma pessoa que sente de
maneira diferente. Mas, compreendo que a falta de capacidade de expressão gera
um paradoxo em si próprio: quem não segue as normas e os preceitos da cultura
onde está inserido é marginalizado naturalmente. [Talvez se tenha que criar o
nosso lugar no mundo, um lugar nunca inventado, mas lembro-me também que para
viver tem que se comunicar e transaccionar, não sou um animal selvagem que pode
viver solitariamente, e aí surge o paradoxo, novamente].
Como
superar a timidez?
Será que se pode superar na ideia de que devemos aceitar-nos como somos, e, sendo
quem se é, buscar a liberdade do espirito (lutando contra quem quer aprisionar
nosso espirito, aprisionar a nossa liberdade psíquica e mental), na aceitação
da nossa pessoa pelas pessoas que nos envolvem e vice-versa?
Ficam as ideias e as questões a serem
respondidas ou reformuladas mais correctamente.
Fiquem bem.