Hoje sinto-me internamente,
subjetivamente, não manifestamente, eufórico no sentido que me apetece dizer
algo. Imagens passam diante meus olhos manifestando-se apenas na minha mente de
que algo de grande se pode verbalizar. O mundo está numa mudança acelerada, as
nossas mentes andam aceleradas, embora nem todos tenham capacidade para gerir
tais mudanças, eu, certamente, sou um dos que não tenho, mas, por breves
momentos no tempo, quando me sinto especial novamente, até parece que realmente
tenho capacidade e sou realmente especial; o que para mim é evidente, pois não
posso escolher outra vida que não a minha, nem outro ser quem não o meu, nem
outro tempo que não o que me é permitido viver. As mentes estão de algum modo
conectadas, sinto-o, embora não consiga perceber de que modo o estão. Sinto
algo fantástico que me é difícil dizer, algo que é sinónimo de compreensão mas
que não consigo verbalizar - pensar coerentemente, segundo o senso comum não é
comigo, é minha dificuldade original, logo é para mim evidente que o efeito de
tal causa seja não conseguir verbalizar facilmente, o que lhe poderá parecer
paradoxal ao estar a escrever este texto para si. Compreendo que neste mundo há
perspetivas sem fim. Percebo que a minha vida é feita de dificuldades que jamais
poderão interessar a alguém. Sei que há coisas que nunca deviam ser
questionadas para se viver em conformidade com o ‘espírito da época’, vou chamar assim á usualidade psíquica dos tempos
que correm em determinados momentos no tempo; Eu penso que questionamos
sem saber o porquê disso, comigo foi assim, tudo começou e não mais parou -
talvez a sobrevivência esteja em causa, e por isso o homem pensante pensa, para
resolver a dificuldade vital; no meu caso, acomodando-me no certo e conhecido
evitando o incerto e desconhecido, tentando ter o meu mundo sobre controlo. Imagino
que tenho um deficit emocional, ou melhor, talvez uma perturbação emocional. Constato
que o que se diz não sempre é o que se
escreve, nem é sempre conversa útil, assim como, a verdade se tende a ocultar para apenas ser revelada aqueles a quem
tiver de ser, e por consequência há quem diga e há quem faça, e fazendo
mais um ‘mea culpa’: eu digo, não faço, eu vejo mas eu não tenho tato para fazer,
nem coordenação psico-motora para executar determinadas tarefas, sobretudo em
grupo. Sinto que a minha maneira de ser foge aos tramites da normalidade imposta, e que apesar de me
trazer muitos prazeres particulares
também me trás dificuldades próprias, não inteligíveis para outras/os
pessoas/conhecidos, mesmo os mais próximos – ah! Como eu sinto o egoísmo que
grassa pelo mundo! – Sei que sou diferente, sempre o disse que o sou, sei que
todos nós somos diferentes, mas unidos por qualquer coisa, por aspetos físicos
ou psíquicos, ou por uma mente universal que nos rege a todos em última
instância, o topo da pirâmide, o lugar máximo da escala da vida -. Mas porque
eu acho que entendo? Será que, realmente entendo muita coisa? Ou sou eu a
imaginar que entendo? Se entendo os outros, porque os outros não me entendem a
mim? Se não entendo, porque sou tratado como entendendo das coisas? Se entendo
porque não tenho eu sucesso na vida? Sou diferente, mas até que ponto? Sou
sensível, meu corpo é belo quando sigo em normal segurança pela vida – quando,
por exemplo, não tenho stress em demasia, não tenho de apanhar sol a partir de
uma tolerância muito baixa, quando não tenho de beber álcool, vinho ou cerveja,
em algum encontro festivo em que se põe à prova as capacidades das pessoas,
marginalizando (marginalizando-me eu próprio, duplamente), quando consigo
alimentar-me normalmente – e, no entanto, não tão belo quanto digo, tornando-se
mesmo uma chaga viva quando certas coisas que, para os outros mais fortes não
causa sofrimento, a mim causa um sofrimento enorme; e no entanto sobrevivo; o
psíquico torna-se mais estranho à medida que o tempo passa, porque, e é um
paradoxo, mas parece-me que os males da psique não são considerados
manifestamente males, mas feitios, ideias, atitudes que não se devem manifestar
na cultura segundo a qual estamos a perspetivar esse ‘mal’ (atenção:
não falo em ‘males da mente’ que é diferente, ‘mal da mente’ = problemas
fisiológico/neurológico); já os males físicos (exteriores) são evidentes e
aceites, relativamente aos interiores já pode não ser bem assim, o que não se
vê põe-se em causa a sua veracidade, não é assim? Assim é com o psíquico, não
se vê logo não se é para compreender, por quem não necessita de compreender
porque, eu estou bem logo não sei o que o outro tem nem quer saber – para uma
pessoa comum essa atitude é entendível, já para um médico que supostamente é
para compreender e não compreende, isso dá que pensar; será que só interessa
ganhar o dinheiro ao fim do mês? Deixo a questão, e digo que falo pelo que
sinto em relação a duas médicas onde tenho ido; e vejo mais queixas por ai de
gente que não é compreendida nos males que se tem, sobretudo psíquicos em que os
médicos não são capazes de dar resposta adequada, longe disso, aos problemas
que as pessoas, desesperadamente têm; e ainda, posso contar algo de concreto
(embora não me referindo ao psíquico neste caso) - até já fiz um post sobre
isso há uns posts atrás, em dezembro de 2013, http://johnybigodes.blogs.sapo.pt/65796.html
-, em que eu fiquei a saber por mim próprio que era intolerante à lactose
quando já me tinha queixado à médica por varias vezes que tinha mal-estar
intestinal, e ela nunca foi capaz de se lembrar, digo assim, de me dizer isso:
para evitar o leite. Agora já se fala muito nisso, e já se vai encontrando
leite sem lactose. É lamentável acontecer isto, tenho sofrido muito mais do que
sofreria na vida por tomar o leite e andar mal dos intestinos, se tivesse
sabido há pelo menos 10 anos atrás… simplesmente não percebia o que se passava
até que se fez luz. Realmente, as pessoas são irracionais em grandes aspetos da
vida, neste mundo, deixem-me generalizar agora um pouco este aspeto (de
irracionalidade) porque se recusam a compreender quando estão bem, nada é com
elas: o mundo está a caminhar para pior,
mas como ‘eu estou bem’ então nada mais interessa saber; é pena que isso
aconteça….Se bem que por outro lado há aqueles que tanto poderiam fazer e
simplesmente estão, sei lá, economicamente bem, não precisam de se preocupar. E
isso leva-me a pensar afinal é verdade que pagam os mais fracos com a
injustiça, os mais doentes, que ainda tem de trabalhar mais do que outros
saudáveis, muitas vezes. Quem mais precisa é quem é explorado, e a pensar nisto
penso também naquilo que me questiono frequentemente, porque acreditei em Deus? Porque
não consigo, no entanto, não o negar (?), apesar de haver muitos mais
indicativos de que o que ocorre nesta vida é um acaso do que uma ‘vontade maior’,
em lugar de haver um Deus bom, que me querem fazer acreditar; vida, esta, num
mundo magnífico onde os fracos tem a vida perdida à partida em lugar de ter um
lugar reservado por Deus para uma eternidade
nunca comprovada, num paraíso
além-vida que será infinitamente incerto, vida, esta, onde a vontade do
homem é negada à partida segundo uma saúde e uma série de vicissitudes que lhe
ditarão o que vai ser, como se fosse um jogo em que quem não consegue jogar já
perdeu mesmo sem nunca querer jogar. Podia falar ainda mais na falta de amor,
de gente perdida, pessoas em número exorbitante, que falam ser protegidas
quando nunca mais terão proteção, porque são elas mesmo fruto da desproteção e
do desamor, da irracionalidade, ou tão-somente do acaso, de uma experiência da evolução,
por exemplo. Continuarei a questionar-me sobre isto, possivelmente sem nunca
encontrar resposta a estas questões, sofrendo sem perceber porquê, e no entanto
agradecido a algo desconhecido, se assim for, porque sei que não sou o que
sofro mais além de que me posso rever noutros sofrimentos que me dizem que não
estou só, pelo menos não sou o único, porque aí qualquer um que esteja só com a
sua maleita seria desprezível.
Acabei por não dizer nada do que
queria =| …talvez diga o que quero depois de amanhã.