10. Um número que marca mais a minha vida que outros números.
Pelo menos,
neste momento, merece a minha atenção, em especial, assim como quando o mundo
me acolheu e me fez despertar os sentidos da atenção física e psíquica. Temos o
Pólo norte e o Pólo sul assim como temos o yin e o yang. Temos os opostos que
se complementam. Temos o Pólo negativo e o Pólo positivo. Temos o sexo feminino
que se complementa com o masculino. Temos a suposta existência dos antitéticos
conceitos do ‘bem’ e do ‘mal’. Temos, de uma maneira geral, definições de factos
reais, de coisas palpáveis, como temos definições de conceitos ou coisas
abstratas, ou ainda, temos antónimos, paradoxos, mas, sobretudo, os opostos
(falando de uma maneira geral) existem e serão norma. No entanto surge algo
nesta existência do Universo que o mantem rico e sem se auto anular nessa premissa
dos opostos. A existência de algo
que provoca o desequilíbrio talvez
seja uma bênção. Além do mais, temos o dia e noite, que, assim como que do nada
que eu era, o nirvana, surgi para ser tudo o que poderia ser até agora e puder
continuar a ser. ‘10 Anos de escuridão’ significam 10 anos de abandono do dia
para ter o refúgio, inesperado, da noite, essa, que me levou a juventude para vir
a ter uma maioridade confusa com o sentimento de que não sou independente e
maior de idade como na era temporal em que realmente estou. Mesmo depois de
tanta cogitação que me foi proporcionada por esses 10 anos de noite, de acalmia
(pelo menos aparente) eu ainda sou uma criança que grita por liberdade e saúde,
que sonha ser uma pessoa normal. Li algures numa revista, nessas longas noites que,
(que me parecem que foram tão pequenas, agora, a esta distância), cerca de 10
anos é o tempo que leva o organismo fisiológico humano para se regenerar por
completo, célula por célula. Eu me regenerei organicamente, mas muita das
coisas que a mente tinha de recordações menos boas transitaram para os novos
neurónios, mas acho que não poderia ser de outra maneira, acho. 10 Anos da
minha vida em reflexão profunda, coração batendo no vazio, respiração pausada,
quando não sem respiração, vermelho muitas das vezes, o sangue completamente
alterado, estra sensível à luz solar e ao mesmo tempo necessitando tanto dela,
tentando atingir o meu limite do meu entendimento da minha vida, de um Universo
que existe ou deveria existir em cada um de nós. A força, que na verdade era
uma farsa e não força, e que parecia estar a atingir limites extraordinários,
levar-me-ia a novos domínios que agradariam a muita gente. 10 Anos inesperados,
com um final inesperado, não fatal, não, graças a Deus, porque a vida persiste
e diz que não é a hora, e então o mundo gira e muda as coisas para que tudo vá
da maneira, como que, pré-determinada, como se o nosso destino estivesse
escrito nas estrelas – enfim, um mundo inteiro de frases feitas prontas para
inovar no mundo das ideias. A magia de uma infância, os
sentimentos do magnífico sentimento de
um mundo a conquistar e saborear com espirito de paz e liberdade ainda paira em mim. Poderias dizer como
já eu disse muita vez, que talvez não fosse magia,
mas sim ilusão; mas não, afirmo, veementemente
que, realmente foi magia. Ainda mais, foi essa magia que me fez continuar, bem
ou mal, e foi esse desejo de conquista do mundo (que no fundo é a minha vida)
em paz e no bem, no intuito da liberdade que se conquistaram ilusões, que eram na
altura tal, para vir a ser algo real, nem que seja virtualmente, uma realidade
virtual em muitos aspetos. A ilusão está lá, na infância, mas a magia leva-nos
a querer atingir essa ilusão ou muitas dessas ilusões que temos, e o curioso é
que vamos atingindo muitas delas fantasticamente. Sei que há muitas crianças
que não devem ter essas ilusões, não lhes é permitido por esse mundo afora,
pelos mais inúmeros e variados motivos. Sei que vivem na escuridão mesmo que
não vivam na noite, não transbordam fronteiras físicas e/ou do conhecimento, e
o pior não é isso, vivem mal, não são amadas da maneira que deviam ser, não têm
o essencial para ter uma vida que diga que vale um pouco a pena; são muitas
vezes filhos e filhas de pais que é como se fossem incógnitos mesmo que não o
sejam, quando os têm, as ligações emocionais básicas estão quebradas. Existem
estes que não reagem e existem o que reagem mal, lutando da maneira errada.
Também há aqueles que não sabem nem querem saber, e mesmo que saibam não querem
acreditar, apesar de tudo o que a vida lhes dá e mostra e demonstra, em
abundância. Mas há momentos que, para lá da escuridão, o que se procura é o que
é justo, o que é belo, saúde, liberdade que vem com a tolerância que por sua
vez procede a inteligência e o amor pela vida e pela sua fragilidade, do mundo,
do planeta terra, da nossa mãe terra. Mas inteligência não calha a todos, e em
7.000.000.000 de pessoas na verdade, apesar de escrever o que escrevo, eu não
conheço uma que seja, ou… talvez um dia, as conheça todas. Sim, se na
verdade tudo levar a um só coração batendo em uníssono, respeitando a
diferenças e agir em liberdade um com os outros, coisa que me é difícil de
alcançar, como se fosse uma ilusão que a magia que me resta deseja alcançar. Então
seremos livres, de noite ou de dia, porque mesmo de noite não haverá mais
escuridão.
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